PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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Com cerca de ano e meio de António Miguel Cardoso como Presidente (estamos sensivelmente a meio do mandato) esta é uma boa altura para que quem nos dirige pare um pouco para pensar no trajeto que nos trouxe até aqui e no que ainda falta percorrer.
De há muito tempo que defendo que o Vitória beneficiaria de uma maior estabilidade nos seus corpos dirigentes. As direções têm-se sucedido, ao passo que nos emblemas que têm tido maior sucesso o que vemos são mandatos sucessivos dos mesmos responsáveis. O sucesso de quem dirige o Vitória é, por isso, ainda mais importante. O sucesso deles é o nosso.
Mas se a estabilidade é tão importante, ela não pode vir de dentro do próprio clube. Ora, temos assistido a um inusitado número de saídas mais ou menos prematuras por parte de quem se encontra ao serviço do Vitória. Isto já aconteceu com treinadores, altos dirigentes, vice-presidentes e até com um órgão social como foi o recente caso do Conselho Vitoriano.
É certo que cada um destes casos será um caso diferente de todos os outros e até pode bem acontecer que haja boas razões para algumas das saídas terem acontecido. Mas há algo que é indesmentível: o denominador comum de todos eles é estar de um lado quem dirige o clube e do outro quem sai em rutura.
No caso de Paulo Turra, por exemplo, depois do abandono inesperado de Moreno, a direção escolheu alguém que não tinha currículo, perfil ou até escola que o recomendasse como óbvia solução. A sua contratação, com tamanho nível de escolha pessoal, foi um risco desnecessário a que o Presidente se submeteu. É verdade que o mercado não abundava em soluções? É sim senhor. Mas ainda assim teria até sido preferível uma solução de cunho interno do que aquela cujo resultado está agora à vista.
Já no caso do Conselho Vitoriano, teria sido benéfico para todos que, ainda que com naturais divergências, tivessem sido criadas as condições para que o mandato se cumprisse na íntegra, até porque aquelas pessoas foram propostas pela própria Direção.
Em suma, tempo para respirar fundo, refletir em tudo isto e tomar decisões que promovam a estabilidade em lugar de sermos nós próprios promotores de tempos pouco tranquilos. Pela minha parte, torço com todas as forças para que estes dirigentes o consigam. Porque se assim não for, estaremos a acrescentar instabilidade à instabilidade, num círculo vicioso sem fim à vista.