Passaram 18 meses a pedi-lo, por isso, agora que finalmente chegou, não voltem a esquecer-se de que ele existe, quando dirigem, quando treinam, quando jogam e quando arbitram
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1 - Durante 18 meses, dirigentes, treinadores, jogadores e até políticos carpiram pelo público ausente das bancadas. Ele está de volta a cem por cento, como tanto queriam: agora, tratem-no bem.
Expliquem aos árbitros que o público não é só um grupo de malcriadões que os insulta
Defendam-no nas assembleias da Liga e da federação (onde nunca é mencionado), pensem nele quando inventarem mais competições ou quiserem fazer a vontade às operadoras com jogos às 21h15 de segunda-feira. Respeitem o público do adversário, em vez de fazerem tudo para o repelir com preços ignóbeis ou ignorando, "por desconhecimento", a recomendação de uma zona de visitantes para além da zona do cartão do adepto. Não expulsem o espectador dos estádios com antijogo, palhaçadas, simulações e relvados indignos de um rebanho de cabras. Exijam aos clubes quotas mínimas de lotação. Obriguem-nos a seduzir o público. Expliquem aos árbitros que o público não é só um grupo de malcriadões que os insulta: é o fim último do futebol, aqueles a quem é preciso demonstrar a credibilidade do jogo e proteger dos seus inimigos. Enfim, pelo menos chamem-lhe público, em vez de receita de bilheteira.
2 - A Liga Bwin precisa muito do Braga e o ranking da UEFA, por este andar, ainda mais. No campeonato português, poucos sabem lidar com as fases negras, embora todos passem fatalmente por elas. As equipas esgotam-se, os ciclos terminam e as previsões falham, mas, de cada vez que acontece, parece que tudo se varre da memória dos clubes peixinhos de aquário. Esperemos que esse cenário tenha ficado afastado da Pedreira com o esforço de ontem e que todos aqueles talentos (Ricardo Horta, Galeno, Iuri Medeiros, Francisco Moura) comecem a sincronizar-se para cumprirem os desígnios de uma equipa com potencial para pesar muito nas decisões desta época.