TÁTICA DO PROFESSOR - A opinião de Jesualdo Ferreira, todos os domingos no site de O JOGO.
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1 - Está marcado para o dia 22 de julho o reinício do Paulistão, onde ainda há seis jogos por fazer para quem chegue à final, como espero que aconteça com o Santos. Curiosamente, e esta é a primeira particularidade quase anedótica, o início do Brasileirão, a grande maratona do futebol brasileiro, está marcado para 9 de agosto, um dia antes de terminar o campeonato paulista.
Os clubes de São Paulo são vítimas de desigualdade
Ao cabo de quatro meses e meio, as equipas de S. Paulo vão voltar à competição, foi dada luz verde e marcadas as datas, depois de no dia 1 de julho terem reiniciado os treinos. Ou seja, as equipas vão recomeçar a competir com 20 dias preparação. Acontece também que a época estava inicialmente programada para terminar em dezembro; assim, vai prolongar-se até fevereiro. Ora, atendendo a que houve quatro meses e meio de paragem, significa que vai ser cumprida em menos dois meses do que o previsto, o que implica que vai haver pouco tempo de recuperação entre os jogos, vai haver jogadores com muitos treinos e poucos jogos, e outros com muitos jogos e poucos treinos.
O que todos ambicionamos agora é encontrar uma forma de fazer valer o que está à frente nas nossas prioridades: a salvaguarda da saúde dos atletas e de toda a estrutura do futebol, porque não se sabe, e até nisso teremos de estar muito atentos, qual a evolução da pandemia. Já foquei aqui o assunto, mas estamos perto de perceber quais os efeitos da desigualdade desportiva que se vão verificar, olhando ao tempo de trabalho que tiveram, por exemplo, as equipas do Rio de Janeiro, particularmente o Flamengo, que recomeçou a 18 de maio, em comparação com as de S. Paulo, que vão participar no Brasileirão e que só puderam voltar ao trabalho a 1 de julho.
E as equipas de S. Paulo constituem um quarto da tabela do Brasileirão, são cinco em 20 - Santos, Palmeiras, S. Paulo, Corinthians e Bragantino, que representam o que há do melhor na história do futebol brasileiro, as quatro primeiras já campeãs do mundo e da Libertadores, e que mereciam mais atenção por parte da CBF, porque tenho a certeza que vamos estar num quadro de desigualdade com os nossos adversários que trabalham há mais tempo. A ver vamos que reflexos tem isso, mas estamos todos a trabalhar para minorar os efeitos desta longa e dramáticaparagem.
2 - Há, entretanto, no Brasil (se calhar como em Portugal...) alguma ansiedade com a questão Jorge Jesus. Os noticiários abrem com a possibilidade de o treinador deixar o Flamengo. Os adeptos do clube estão preocupados com essa possibilidade e este grande circo mediático com que nos confrontamos diariamente diz bem da marca que Jorge Jesus já deixou (ou vai deixar, saia ou não do Flamengo) no futebol brasileiro.
3 - O FC Porto prepara-se para se sagrar campeão nacional pela 29ª vez na sua história. Sérgio Conceição leva muito do mérito desta conquista, aliás, das conquistas recentes. Quando chegou, com uma equipa feita à base de jogadores que estavam emprestados e com o clube debaixo do cutelo do fair play financeiro, quebrou o ciclo vitorioso do Benfica, roubou-lhe o penta; na época passada, depois de estar sete pontos à frente, perdeu o campeonato.
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Nesta época, quando muitos já vaticinavam novo desaire, recuperou precisamente de uma desvantagem de sete pontos para o Benfica. Onde esteve a diferença? Na normalidade do FC Porto, e na anormalidade do Benfica. O suporte dado pelos portistas à equipa técnica foi fundamental, ao passo que o Benfica deixou cair o treinador que tinha feito a grandiosa recuperação na época passada. Ou seja, as coisas correram muito melhor ao FC Porto do que ao Benfica.