Sporting: uma equipa não é um onze-shopping comercial
PLANETA DO FUTEBOL - Luís Freitas Lobo analisa o momento do Sporting, líder à terceira jornada, mas ainda a vender jogadores
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1 - Analisar o líder do campeonato à terceira jornada (furando por entre críticas, goleada sofrida na Supertaça, e dita impossibilidade de êxito) é um exercício quase impossível.
É correr o risco de falar de algo que já não existe no fim do dia (ou até do texto) tal a forma como o "mercado das últimas noites" funciona. Ou seja, a equipa que posso analisar hoje pode ser muito diferente na entrada para o quinto jogo (o quarto ainda é feito com o mercado aberto, mas não acredito que nenhum jogador mude de clube no intervalo).
Não sei, portanto, se Raphinha, Acuña, Coates, Wendell e, entre outros, naturalmente Bruno Fernandes, irão continuar no Sporting.
2 - Como é possível construir ou preparar uma equipa desta forma? Cúmplices, as cúpulas do futebol atual permitem. Nem se preocupam em usar máscaras para disfarçar. A quem interessa isto? A quem mexe e ganha com o dinheiro (futebol de empresários com intermediário e gatos gordos pelo meio).
Aos treinadores, não. Aos jogadores, talvez, porque o dinheiro compra (pensam) tudo, mesmo que estas "decisões photo-finish", depois vê-se, lhes desfaçam a carreira. Aos clubes grandes-ricos, só para manter os vícios caros (no último dia, o "toque de Midas") aos médios-pequenos (nós) é sobretudo uma ameaça por estarmos vulneráveis financeiramente, embora existam casos em que a urgência de vender é tanta (resultado de erros de gestão anteriores) que já nem se lembram do início do texto.
Que futebol é este? Simples: é, pura e simplesmente, a sua negação.
3 - Não sei, portanto, se Raphinha, Acuña, Coates, Wendell e, entre outros, naturalmente Bruno Fernandes, irão continuar no Sporting. Dificilmente todos. O clube precisa de revitalização financeira. Não consigo ligar uma televisão, rádio, pegar num jornal ou olhar para o lado sem ver um jogador do Sporting a ser vendido.
Sinceramente nem sei para que estou a escrever isto. A intenção quando peguei na folha em branco era falar, buscando o que escrevera há dias, de como Vietto e Bruno Fernandes têm de caber na mesma equipa mesmo que o treinador pense ser na mesma posição n.º 10 que ambos jogam melhor. Por isso, improvável a compatibilização. Nunca pode ser essa a conclusão quando se tem dois bons jogadores indiscutíveis ao dispor.
Na altura, dei a minha ideia. A de Keizer foi recolocar Vietto a partir da faixa (no 4x2x3x1) à esquerda, com liberdade para fletir. Como o talento encontra sempre uma saída, Vietto fez um bom jogo. Procurou, quando foi possível, as costas do n.º 9 no meio, e noutras buscou profundidade franqueadora pela faixa.
Esta equipa (sem a pressão de ter de ganhar de outras) tem mais hipóteses de sucesso do que imaginam. Se está a aguentar esta fase em que é um "onze-shopping comercial", veremos com a cabeça no sítio.
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Há sentido para isto?
Somem 93 golos em 127 jogos. Consequência: saiu com a opinião geral a considerar que já não era necessário. Era evidente que o divórcio entre Bast Dost e o poder do Sporting se tornara irreversível. Como se chegou a este ponto, não sei. Se faz sentido? Nenhum. Os valores da venda são "simbólicos" para o valor goleador do jogador (confirmado por onde passa).
Bas Dost saiu como se fosse um jogador qualquer
O futebol é de facto cada vez mais um produto "fast-food". A partir do momento em que soube que estaria no mercado, a lesão de Bast Dost transformou-se no amuo de um carácter holandês irascível contra o mundo, e nunca mais teve a cabeça na qualidade do seu jogo. Passou a não jogar.
Passou a existir a corrente que Luiz Philippe (bom jogador, sem dúvida, quando quer) era melhor. Quanto muito para este estilo de jogo (como se houvesse estilo de jogo que prescindisse dos números do início do texto). Mal entrou, no particular contra o Valência, Dost fez um golo brutal de primeira. Agora, saiu como se fosse um jogador qualquer. Não encontro nenhum sentido para todo este percurso. Fim e princípio.