PLANETA DO FUTEBOL - Um artigo de opinião de Luís Freitas Lobo.
Corpo do artigo
1 Neste momento, o Sporting faz projeções de resultados em contagem decrescente em vez de as fazer sobre o futebol que joga.
O universo leonino tem razões históricas para sentir uma pressão adicional após o empate na ultima jornada com o Moreirense.
O encanto do último minuto desvaneceu-se, no mesmo instante, com um remate em arco adversário. A equipa está, no entanto, pensam os mais condescendentes com o seu exercício de superação, a cumprir com a sua obrigação (e até a superar a exigência, em comparação com os outros grandes).
Nas últimas longas 19 épocas, os campeonatos disputados pelo Sporting estiveram entre o drama, a expectativa desmesurada e a depressão total. Esta época, sem fazer os habituais castelos na areia da pré-época, foi-se fazendo equipa com o passar dos jogos do campeonato (e até nas outras provas, onde as derrotas deram lições sobre as limitações do plantel e desanuviaram, com eliminações precoces, a carga física que seria insustentável).
2 A equipa está bem empacotada no discurso de Amorim, mas este é o momento em que tem de se defrontar a si própria. Aos seus (pretensos) fantasmas, desgaste e previsibilidade crescente do jogo. A entrada de Paulinho deu novo rosto e movimentos ao ataque, mas continuo a ver como imprescindível a fórmula "TT". Ou seja, penso que será na junção dos dois, uma dupla Paulinho-Tiago Tomás, que poderá surgir o melhor Sporting para atacar o golo nesta fase final da época onde, ao mesmo tempo, Pote Gonçalves deve recuar no terreno (para ver o jogo de frente e não de costas, como recebe a bola, quando joga adiantado entrelinhas adversárias) e resgatar o perfume do inicio.
3 O que tem de impressionante a ambição portista é ela crescer quando tudo se torna mais difícil de conseguir (e, ao contrário, tender e relaxar competitivamente quando a exigência se imagina menor). Apesar de ainda longe do primeiro lugar, parece sentir menos pressão do que quem lá está. São, outra vez, ecos da história. O líder não é o rival habitual (Benfica) mas sim um, ao principio, turista acidental (Sporting) que cresceu de confiança (não de qualidade de jogo) com o decorrer das jornadas.
O baixar da potência, de jogo e de influência, de Marega nos últimos tempos tem sido o que mais vem descaracterizando a fórmula-Conceição de se revoltar com os jogos. O jogador está fisicamente longe da equipa quando costuma ultrapassá-la.
Um campeonato disputado de verdade entre FC Porto e Sporting já não acontecia há muitos anos. A exigência atual que se coloca às duas equipas é positiva, mas nenhuma parece saber encontrar as melhores desculpas para quando não funciona.
O preço das camisolas
Move-se com a decisão absoluta de quem sabe o que quer (no seu caso, o golo), mas, depois, pode falhar no momento decisivo do remate. Seferovic começou a época quase como passageiro clandestino da embarcação n.º 9, onde Darwin, e até Waldschmidt, foram apresentados como máquinas imbatíveis. Começaram bem, mas (por razões várias), cedo se desvaneceram. Entretanto, o suíço entrou e, terminando com golo ou não, ataca cada bola na área como se a quisesse comer antes de rematar.
O caso de Seferovic é um metáfora de toda a época benfiquista. Do exercício de imaginação faraónico do início ao embate com a realidade que busca coerência neste final.
Jesus alterna o sistema tático e na mutação para a fórmula da defesa a três, cai outro inicial projeto demolidor: o Everton Cebolinha. Já são casos a mais de jogadores com a qualidade apagada para se pensar que o problema é sempre deles. Pergunte-se isso ao próprio Rafa, que tantos sermões ouve da berma do relvado e, de repente, insensível, resolve jogos e logo se vê a correr com uma etiqueta com um preço "haute-couture".