Confirmei aquilo que há muito pensava: temos dos melhores treinadores do mundo em Portugal e são portugueses.
Depois de passar seis dias de formação no Internacional Coach Camp, em Aarhus, na Dinamarca, e ter conhecido muito do trabalho por lá realizado, em especial a Academia SHEA (Skanderborg Handbold Elite Akademi), confirmei aquilo que há muito pensava: temos dos melhores treinadores do mundo em Portugal e são portugueses.
Durante muitos anos ouvi os dirigentes portugueses afirmarem, repetidamente, que para atingirmos o sucesso teríamos que treinar mais e melhor, e que os jogadores tinham que estar disponíveis para treino com mais volume, carga e intensidade, e seriam estas, para eles, as razões do nosso insucesso. Nunca percebi em que saberes ou competências se apoiavam para tirarem tais conclusões.
Atualmente isto é uma inverdade. Os nossos treinadores são dos mais qualificados dos últimos anos, todos habilitados e em formações constantes. Os treinos têm a mesma ou melhor qualidade que as melhores escolas do mundo, têm o volume, a intensidade e a carga suficiente para atingir o sucesso. Os nossos jogadores treinam entre cinco a sete vezes por semana, e nenhuma equipa ou seleção do topo mundial treina mais.
Mourinho, Marco Silva, Nuno Espírito Santo, Jorge Jesus, Leonardo Jardim etc. são melhores treinadores? Fazem mais formações? As suas equipas treinam mais horas do que as do Paulo Jorge Pereira, Paulo Fidalgo, Carlos Resende, Jorge Rito, Ricardo Costa, etc.? Claro que não, estão é inseridos em organizações/estruturas que lhes maximizam a possibilidade de terem êxito.
Fica claro que o caminho que o andebol português tem que fazer para atingir o sucesso depende muito mais dos seus dirigentes do que da competência dos treinadores ou do empenho dos seus jogadores. Está na altura dos nossos dirigentes começarem a fazer o trabalho de casa, e assumirem as suas reais responsabilidades.
A Academia SHEA (Skanderborg Handbold Elite Akademi) é um fantástico exemplo de como um clube deveria estar organizado, e aí, desculpem-me os nossos dirigentes, mas mesmo sabendo que não é fácil conciliar a vida profissional com a de dirigente, nós treinadores e jogadores precisamos que vocês trabalhem com mais volume, com mais intensidade e com mais carga.
