Não se esqueçam de dar o mérito ao PAOK do Abel
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1 - Nesta pré-época atípica para todos, o Benfica tornou-se o centro da atenções, enchendo jornais, noticiários, programas televisivos, fazendo crescer uma expectativa enorme à volta das apostas para uma nova temporada, a começar pelo regresso de Jorge Jesus e por alguns reforços que foi conseguindo e outros que tentou embora sem sucesso. A Champions League foi um objetivo desde logo traçado pelos dirigentes, pelo treinador, e uma esperança enorme nasceu entre a massa adepta.
E não faltará agora quem diga que se o Benfica tivesse jogado com esta equipa tinha goleado o PAOK. Mas eu não penso assim, porque a mesma equipa que venceu em Famalicão poderia ter a mesma sorte da que jogou na Grécia
Quando se soube o nome do adversário, o PAOK, essa esperança tornou-se ainda mais forte. Cresceu um sentimento de que seria uma tarefa fácil no primeiro passo rumo à fase de grupos da Champions, olhando até à série de jogos particulares vitoriosos e com vitórias gordas. Eu sempre disse, e ainda na passada semana o escrevi aqui, que um jogo só para uma decisão destas pode ser muito perigoso. Infelizmente, tive razão.
O Benfica entrou muito bem no jogo, dominou toda a primeira parte e na entrada para a segunda ninguém diria que o PAOK iria vencer a eliminatória. Mas venceu, e há que dar mérito a quem o tem. O PAOK, do nosso Abel Ferreira, esteve muito bem na estratégia e acabou por vencer o jogo. Não foi só culpa do Benfica, houve muita "culpa" do PAOK, e há que dar o mérito a quem o tem. Anteontem, o Benfica ganhou de uma forma fácil num campo muito difícil como é o do Famalicão, sendo que a vitória está diretamente ligadas às alterações que Jorge Jesus fez em relação ao jogo da Champions. E não faltará agora quem diga que se o Benfica tivesse jogado com esta equipa tinha goleado o PAOK. Mas eu não penso assim, porque a mesma equipa que venceu em Famalicão poderia ter a mesma sorte da que jogou na Grécia... Temos esta terrível tendência para não darmos o mérito ao adversário, quando o tem, como foi o caso da equipa de Abel Ferreira.
O Benfica pagou caro a aposta, porque os novos jogadores precisam de um período de adaptação a novos processos, Jesus precisa desse tempo também para ver os jogadores em competição a sério e ver aqueles com quem pode contar para fazer o caminho desejado. Num contexto difícil - novos jogadores, vésperas de eleições, e todos os problemas à volta do presidente - nasceu uma frustração tremenda, cujas consequências são ainda desconhecidas (na época passada, o FC Porto foi eliminado surpreendentemente pelo modesto Krasnodar, em duas mãos, e conquistou o título). A ver vamos como evolui este Benfica. E há outra coisa: depois da última temporada seria sempre difícil arrancar para uma nova época.
2 - E chegou a hora de dizer, bem vindo Ricardo Quaresma! O Vitória de Guimarães é um clube perfeito para este regresso do Ricardo, até até pelos adeptos especiais que tem. Neste momento, não podem ir ao estádio, mas eles estão vivos e contam com certeza com o internacional português para lhes dar alegrias. Não começou bem o campeonato para o Vitória, mas no tempo em que esteve em campo (entrou aos 62 minutos), com uma mão-cheia de iniciativas, o Ricardo demonstrou que continua com condições para proporcionar bons momentos de futebol. Ninguém se engane, todavia, porque os padrões de rendimento não serão os mesmos de há 14 anos, mas um génio como ele consegue manter a classe, e disso só os génios são capazes.