PLANETA DO FUTEBOL - Um artigo de opinião de Luís Freitas Lobo
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1 Vendo jogar a seleção da Sérvia lembro a contradição de que se falava sobre estes jogadores das Balcãs, cujo o talento e temperamento chocam entre si: individualmente, cada um sozinho, são todos muito bons, mas todos juntos não combinam. Isto é, ficam desordenados e não conseguem entrosar a qualidade, essencialmente técnica, que possuem.
É nesse ponto que o temperamento trai o talento de se expressar num sentido coletivo. Não é uma questão de treinador. Hoje, é Dragan Stojkovic, que foi dos n.º10 mais fantásticos que vi jogar no Estrela Vermelha e na velha seleção da Jugoslávia unida. Nessa altura, existia outro poder superior que unia todo aquele caráter num onze.
Nota-se tanto dentro como fora de campo como quando, logo após a derrota com a Inglaterra no primeiro jogo, Tadic, uma desses talentos que vivem sozinhos com o seu ego, disse que se ele tivesse jogado tudo teria sido diferente. No jogo seguinte, jogou a titular, como n.º10 livre num 3x4x1x2 em que se movia entre o centro e a meia-direita. Para o banco ia, então, outro rebelde que joga muito quando quer, Milinkovic-Savic.
2 Naturalmente, tudo foi semelhante. A tese individualista voltou a impor-se e a equipa com dois bons médios-centro (a dupla Ilic-Lukic) tentava agarrar o jogo, mas raramente se via um “jogo posicional” correto para combinar a construção na frente, com dois grandes avançados (Vlahovic e Mitrovc) sempre perigosos quando recebiam a bola, mas sem nunca combinarem entre si.