FPF e Paulo Bento sempre estiveram unidos num ponto: a falta de habilidade para comunicar
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A mesma Federação que, ainda no Brasil, montou um circo mediático para reagir às notícias de que o selecionador colocaria o lugar à disposição caso fracassasse na primeira fase; que no final da participação portuguesa nesse Mundial, pela voz do seu presidente, ensaiou uma versão atualizada do "Paulo Bento forever" e que ainda há dias fez um balanço público da catástrofe brasileira, traçando linhas mestras e médicas de um futuro mais competente, remete-se agora a um ensurdecedor silêncio.
A favor desta mudança de estratégia, há pelo menos um ponto: evita-se repetir os desastres de comunicação anteriores.
Desastrado a comunicar sempre foi também Paulo Bento - e lembrá-lo talvez seja um contributo sensato para que não se perca o treinador que, entre teimosias e defeitos, mostrou virtudes. Fica só um exemplo dessa falta de habilidade: na véspera do último jogo de Portugal no Brasil, quando confrontado com as tais notícias sobre a intenção de colocar o lugar à disposição, o ex-selecionador foi irónico - deviam ter-me perguntado antes de escrever, disse ele. No final do jogo com a Albânia, perguntaram-lhe se considerava ter condições para continuar no cargo, até porque tinha ficado a ideia de que bastava fazê-lo para saber. Afinal, isso não era coisa para se dizer em público, contrapôs.
Estas incoerências notam-se numa sala de Imprensa que tenha memória e a falta de arte a comunicar tende a notar-se mais ainda num vespeiro de vaidades que é um balneário.