SENADO - Uma opinião de José Eduardo Simões
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1 - Pouco importa se Fernando Santos é o treinador mais bem pago de Portugal ou mesmo um dos mais abonados a nível internacional. Não interessa se as suas contas bancárias (terá alguma em paraísos fiscais?) ascendem a 50 ou 100 milhões de euros. Não está em causa ser o que conseguiu os títulos que a Seleção tem. Ser ateu, agnóstico ou homem de fé e praticante convicto tem que ser completado com princípios, que não parecem existir no campo das finanças respeitantes aos rendimentos auferidos por Fernando Santos.
Nos clubes e na Seleção existe uma equipa técnica, não um misto de pessoas e empresas criadas para diluir os elevadíssimos salários de forma a pagar ao fisco menos, em percentagem, do que o comum dos mortais que ganham 1% (um por cento) do que Santos recebe - ou devia receber, imputável diretamente em sede de IRS. A imagem do treinador ficou gravemente afetada e a Federação também não fica bem na fotografia. Há que tirar ilações rapidamente, ele pagando ao fisco o que deve, e em conjunto pensar bem se o seu tempo à frente da Seleção não deverá findar após o Mundial do Qatar.
2 - Tudo o que Ronaldo deu, dá ou ainda dará ao futebol português é inestimável. Como qualquer pessoa em que o apogeu foi ultrapassado, perante as dificuldades tem que ser forte e muito apoiado profissional e pessoalmente para continuar a fazer o que melhor sabe - marcar golos. Não esteve bem na novela com o seu clube, tal como o não estiveram o teimoso e inepto treinador e a incompetente direção desportiva, que gasta rios de dinheiro para adquirir jogadores banais.
Perante o momento complicado de Ronaldo (que pode levar uma volta a qualquer instante), o que se verifica é que comentadores e comentadeiros, jornaleiros e socialeiros das redes em que se despeja o que há de mais rasca na mente humana, se atiram como hienas esfaimadas sobre Cristiano, gritando que está velho, não marca, não joga nem corre. Tanta fome de dizer mal... Em vez de perceber e aceitar, criticar mas apoiar, esta gente mostra apenas viver com o peso do rancor, do bota abaixo, da falta de memória e gratidão. A palavra mais usada por Camões é a com que termina os Lusíadas - a inveja, esse mísero sentimento que aqui tão bem se aplica.