A falta de uma alternativa superior ainda vai adiando a questão, mas a Seleção de Diogo Jota precisa de um Ronaldo que se ponha mais vezes em segundo lugar.
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Danilo recua a 2015 para relembrar as lições de Fernando Santos, do "nós" em vez do "eu".
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Na véspera, Ronaldo recuara ainda mais, até 2004, para dizer que está tão motivado como nesse primeiro Europeu. Na Seleção de há 17 anos, os pronomes pessoais não podiam oferecer dúvidas a Cristiano. Não havia "eu", nem meio "eu", aliás, nem sequer um terço de "eu" na equipa de Figo e Rui Costa, que conheceu o crepúsculo da carreira internacional nessa edição, suplantado por Deco. Talvez não seja o caso de Ronaldo ainda.
Fernando Santos chega ao Europeu sem um Deco para lhe opor. André Silva engordou de golos na Alemanha, mas emagreceu num instante com Israel e terá de crescer muito durante o Euro (às vezes acontece) para pôr o selecionador em sarilhos. Só que a falta de uma alternativa clara não faz de Ronaldo o jogador que era em 2016, nem o ponta de lança de que a Seleção portuguesa precisa, muito menos (preparem-se, porque vou cometer um crime de lesa-pátria) o parceiro certo para Diogo Jota, um nome que (por esta, sou excomungado) talvez comece a ser mais importante do que o de Cristiano na bem-aventurança do ataque português. Haverá um "nós" dentro dele que admita semelhante heresia? Ronaldo será capaz de se reinventar como potenciador dos talentos alheios?
A única nota que extraí do último jogo de preparação é que ele não parece interessado, ou mesmo consciente da melhor forma de ajudar a equipa. Dos dribles anacrónicos que tentou (e falhou) com os israelitas às insistências individuais quando havia opções coletivas, lembrou-me a inutilidade de um velho professor catedrático a tentar concorrer com os miúdos para melhor aluno da turma. Ainda há glória na caminhada de Cristiano Ronaldo, mas não é essa, seguramente.