A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Se Schmidt cumprisse com a vontade dos adeptos - ao estilo do "Quando o Telefone Toca" - o International Board teria que abrir uma exceção para que o Benfica pudesse entrar em campo com quinze, dezasseis ou até mais jogadores. Não assino por baixo todas as opções do nosso treinador, mas quem sou eu, vulgar treinador de bancada, mesmo que com dezenas de anos de experiência, para considerar que sei o que deve fazer um treinador profissional, de elite, mais a mais campeão? Parece que não aprendemos nada com os dolorosos processos que levaram Rui Vitória e Bruno Lage a sair da Luz pela porta dos fundos. É que esta autofagia sem sentido não interessa se não aos que connosco discutem o acesso ao pote dos 100 milhões - alguma dúvida?
2 - Correu mal, muito mal, o jogo com o Salzburgo. Gostei da atitude da equipa e da capacidade que teve para criar oportunidades claras de golo em inferioridade numérica. Não gostei dos erros defensivos não forçados, que já tinham estado na origem da outra derrota da época, no Bessa. Vi Di María e Rafa mostrarem porque têm sido os melhores; Otamendi liderar com a entrega de sempre (à capitão!); João Neves provar que tanto se lhe dá o campo como o adversário, que com ele é sempre a abrir; Musa a crescer e Bah a decrescer; senti a falta do Florentino e espero não vir a sentir a do Vlachodimos, de quem nunca fui particular admirador.
3 - Gosto do António Silva pelo tanto que joga, por premiar a competência de muitos dos que trabalham na formação e pelo genuíno benfiquismo que dele emana a cada vez que é metido à frente dos jornalistas. E gosto, também, da maturidade com que assume as suas falhas, da humildade com que dá a cara nas derrotas, da forma como aceita as críticas e como interiorizou que só com mais trabalho pode continuar a evoluir. Assim fossem todos.
[Frederico Varandas] Arrasou as bizarras veleidades do desastrado Conselho de Disciplina da FPF
4 - Não é a primeira vez que Frederico Varandas dá voz pública àquilo que nos bastidores do mundo da bola se diz do seu homólogo do FC Porto. Desta feita, foi exemplar na forma como se referiu à gafe de Carlos Xavier: lembrando ofensas que nos tratam, depreciativamente, por "mouros", saiu em defesa de um comentador que representa as suas cores e arrasou as bizarras veleidades do desastrado Conselho de Disciplina da FPF.
5 - Depois de ausência forçada, felizmente que por boas e justificadas razões, regresso mais logo, no Municipal de Portimão, à condição de vulgar treinador de bancada. Dali, carregado de discutíveis certezas, será fácil apresentar o meu onze - obviamente infalível! -, mas, jogue quem jogar, o que todos desejamos é que a partir do melhor plantel do país Roger Schmidt apresente a melhor equipa do país. E porque não já hoje?