TÁTICA DO PROFESSOR - Um artigo de opinião de Jesualdo Ferreira.
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1 Em Portugal, o campeonato voltou a jogar-se, no Brasil ainda não vemos a luz no fundo do túnel.
Santos é uma das cidades do Estado de S. Paulo mais afetadas por esta terrível pandemia, enchendo-nos de incertezas e angústias em relação ao futuro próximo.
Há uma série de protocolos em discussão com vista à retoma. Há discordâncias, como é próprio da condição humana, e há uma certeza: a de que estamos ansiosos por voltar ao trabalho, por voltar a ver sorrir os nossos adeptos.
É um tempo muito difícil este que vivemos, difícil de suportar, mas será na forma como gerirmos o tempo e como o executarmos que encontraremos o equilíbrio da situação. Para já, o Estado de S. Paulo está fechado, pelo menos até ao próximo dia 15. Aí iremos perceber quais as decisões da Federação paulista e dos clubes em relação à competição, à retoma do trabalho, às condições em que vamos fazer tudo isso. É preciso uma força muito grande para suportarmos a nostalgia que temos do futebol, do nosso trabalho, da nossa paixão.
2 Enquanto o trabalho não volta, vou olhando para o campeonato alemão e agora para o português. Vi jogos em todas as cinco jornadas depois da retoma da Bundesliga, que aconteceu a 16 de maio e concluo que as equipas vão melhorando, tanto no ritmo de jogo, como na agressividade, vão ficando mais próximas daquilo que estávamos habituados a ver antes da pandemia. Também é um facto que a ausência de público tira a emoção aos jogos e tem influência nos jogadores, mas isso já todos sabíamos que ia acontecer. E a esse facto não é alheio os melhores resultados das equipas que atuam na condição de visitantes. Há uma exceção, que é o Bayern de Munique, irrepreensível. De resto, todos os melhores classificados permitiram a aproximação das equipas mais modestas e o fosso que havia entre elas, em termos de resultados, dilui-se mais facilmente. E tudo isto tem a ver com o tempo de paragem competitiva. E na Alemanha até nem esteve muito tempo comparativamente a outros países que ainda nem retomaram, como é o caso da Espanha, da Itália... e do Brasil, onde já vai fazer três meses no dia 15 que tivemos a última jornada do Paulistão.
3 Sempre disse que a Bundesliga iria servir de balão de ensaio para os outros campeonatos. E aquilo que aconteceu na retoma do campeonato português enquadra-se nessa ideia. Os quatro primeiros classificados não venceram, e dois deles até perderam. É a tal diluição do fosso de que falei atrás. Avisei para isto: as equipas não vão ter o mesmo comportamento, porque estão a lidar com uma situação que é inédita para todos. Nenhum treinador ou jogador pode dizer "eu já passei por isto"... As equipas não vão ter a mesma facilidade para vencer, porque as mais modestas vão ter melhores resultados também. E se não houver bom senso de todos, de jogadores a adeptos, se não compreenderem que as coisas nunca mais serão como eram, infelizmente vamos ter mais reações estúpidas e violentas como aquela que acontece por estes dias com o Benfica.