Rui Fonte pode ser o reforço ideal
PASSE DE LETRA >> Na linha da frente, nomeio Rui Fonte: quando se fala de uma possível saída de Paulinho, Rui Fonte pode ser o reforço ideal para a segunda metade da época
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"Esta é uma vitória da equipa", comentou Carvalhal no final da difícil vitória contra o Rio Ave. O resultado, de 3-0, é enganador, concordo nisso. O Rio Ave jogou bem, teve muitas vezes o controlo do jogo e foi superior em vários momentos do encontro. Mas este SC Braga tem uma característica que molda as equipas vencedoras: sabe interpretar o jogo.
"Decidi, por isso, escrever sobre jogadores. Não é meu hábito, já que sempre valorizei mais a ação coletiva do que a individual"
E, mesmo não jogando, a nível individual, tão bem como poderia jogar, como seria expectável, a equipa sobrepõe-se aos jogadores e, como se de uma entidade viva e autónoma se tratasse, toma conta do jogo, adapta-se, integra o jogo na sua textura tática e, assim, acaba por vencer.
Foi isso que Carvalhal quis dizer. Mas os jogadores são, como é óbvio, as partes fundantes e essenciais de qualquer equipa. O treinador enforma-os, coordena a ação. Mas são os jogadores que, em cada momento do jogo, têm de decidir, muitas vezes se forma instintiva, não consciente.
Decidi, por isso, escrever sobre jogadores. Não é meu hábito, já que sempre valorizei mais a ação coletiva do que a individual, pois penso que, quando valorizamos em excesso a ação de um ou outro jogador, estamos a ser necessariamente injustos para os demais. Mas hoje vou destacar alguns jogadores. Começo por Matheus: é, para mim, o guarda-redes em melhor forma na I Liga, no atual momento. Ganhou o prémio de "Melhor Guarda-Redes de novembro da Liga NOS" (e merece ganhar o de dezembro). Atento, rápido a jogar bem com os pés (funciona muitas vezes como um defesa, jogando sempre no limite da sua grande área), tem sido um dos artífices da boa carreira da equipa, responsável por muitas e boas intervenções. E a segurança que isso dá aos demais.
Na defesa, destaco Esgaio e Sequeira: uma dupla que resistiu sempre à mudança de treinadores, de sistemas táticos, a troca de centrais, etc... São uma fonte inesgotável de energia, correndo quilómetros em cada jogo, defendendo e atacando sem nunca perder o controlo da sua posição. E - pode ser impressão minha - muitas vezes vejo-os sorrir no jogo (só Galeno sorri mais do que eles...). Num meio campo pejado de grandes valores, destacar um jogador é uma tarefa irrazoável. Mas, na lógica deste texto, destacarei Castro, uma espécie de moto-contínuo futebolístico, pois parece reutilizar indefinidamente a energia gerada pelo seu próprio movimento. Nunca se cansa, tem o dom da ubiquidade tática e uma entrega sem restrições. Chegou só esta época ao clube, mas encarna como poucos o espírito de Guerreiro do Minho.
Na linha da frente, nomeio Rui Fonte: quando se fala de uma possível saída de Paulinho, Rui Fonte pode ser o reforço ideal para a segunda metade da época. Qualidade tem de sobra e já conhece bem a casa, a equipa e as ideias de Carvalhal. Só precisa de recuperar a forma adequada. Que regresse rápido.