VISTO DE ITÁLIA - Um artigo de opinião de Cláudia Garcia.
A última equipa italiana a vencer uma Liga dos Campeões foi o Inter de Mourinho, na época 2009/2010, já lá vão 11 anos.
Depois disso, Espanha, Alemanha e Inglaterra já levantaram o troféu, mas a Itália só se pode consolar com duas presenças na final da Champions, com a Juventus (2015 e 2017), mas sem triunfar. Na Liga Europa, o cenário é ainda pior: a última equipa italiana a vencer a segunda competição europeia foi o Parma na época 1998/1999.
Enquanto isso, o campeonato interno, a famosa Serie A viveu altos e baixos e agora está numa fase crescente. A presença da Juve nas finais impulsionou o movimento italiano e a lei lançada por Salvini, em 2018, que reduziu a carga fiscal aos clubes, permitindo-lhes pagar apenas 20% de impostos pelo salário dos atletas que não residiam em Itália nos últimos cinco anos, contra os 50% que pagavam anteriormente, fez o resto. Graças a essa legislação, foi possível contratar talentos no auge da carreira que há muitos anos não circulavam pela Serie A: De Ligt, Lukaku, Rabiot, Antonio Conte como treinador, e não digo Ronaldo porque esse chegou antes da aprovação dessa lei.
No entanto, apesar da evolução da Serie A e dos talentos estrangeiros terem voltado a circular nos estádios italianos, continua a ser difícil para as equipas triunfarem na Europa. O Inter chegou à final da Liga Europa na época passada, mas perdeu para o Sevilha, o papão do torneio. A Juve também morreu na praia duas vezes. No ano passado, apenas a Atalanta marcou presença na Final Eight de Lisboa e, este ano, a Roma de Paulo Fonseca é a única italiana viva na Europa. Curiosamente, Roma e Atalanta são duas das equipas mais goleadoras da Serie A.
Como diz o "maestro" Arrigo Sacchi, na Europa joga-se um futebol positivo e ofensivo. Nos palcos internacionais, a procura constante pelo golo acaba por se sobrepor à tática/estratégia italiana que visa somente anular o adversário. Essa é a grande obsessão dos treinadores italianos nos fins de semana de Serie A, mas na Europa rompem-se os esquemas e isto não funciona. A tática das equipas italianas esbarra neste conceito europeu de procura constante pelo golo e, por isso, é que uma equipa como a Roma de Paulo Fonseca que, por vezes, não consegue encontrar a chave da vitória na Serie A, mas que nunca abdica da sua mentalidade ofensiva, é a única que permanece viva na Europa. Mentalidade europeia é diferente de mentalidade italiana, mas as duas não são incompatíveis.
