Tottenham e Liverpool já não se lembram de quando foram campeões nacionais, mas não jogam só com o livro de cheques
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A Liga dos Campeões decide-se hoje entre um clube que não é campeão há quase 60 anos e outro que não vê um título há quase 30. Há duas formas de olhar para o problema, das quais a mais habitual será a indignação politicamente correta: é um "escândalo" que o campeão dos campeões seja um dos muitos filhos bastardos com que a ganância da UEFA poluiu a santidade da competição. A outra, que perfilho, é menos beata.
O barco da prova só para campeões já levantou âncora há uma eternidade. A discussão útil que resta é a da crescente circunscrição dos vencedores a quatro ou cinco gigantes açambarcadores de talentos, que compram tudo feito e pelo dinheiro que for preciso. Apesar de tudo, Tottenham e Liverpool não têm esse perfil. Gastaram muito dinheiro, sim, mas quase sempre com jogadores indetetados, uma espécie de segunda linha de reforços de topo, que exigiu outro visão e outra inteligência.
Salah não era do top-5 mundial quando o Liverpool o comprou; Lucas Moura foi um fracasso no PSG, antes de ser reciclado pelo Tottenham e decidir estas meias-finais. Resta um pouco do velho futebol neste jogo de Madrid.