A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 Domingo passado testemunhei a capitulação integral de uma equipa que atravessava “momento impressionante” (palavra de treinador) e que subiu ao relvado para disputar o “jogo da época” (palavra de presidente). Acontece que quem cuspiu fogo no Dragão foram os jogadores do Benfica – e com tal capricho o fizeram, com tal sem medida se impuseram, que eu não saí de lá satisfeito, saí – adivinhou – satisfeitíssimo! Com a goleada que, vistos os desperdícios, até soube a pouco; com a exibição que os deixou na depressão, vá-se lá saber por quanto tempo, em sendo causada pelo Benfica adivinho que por muito; com os três pontos que nos colocaram, finalmente à jornada 28, na liderança isolada da prova.
2 Uma bacoca tentativa de condicionamento colocou o balneário do Dragão a meia luz – foram meigos, antigamente era com creolina que nos obrigavam a equipar nos corredores. Villas-Boas que se cuide, já aí está outro Pinto da Costa, o neto Nuno, com discurso à maneira dos tempos da creolina: “A prioridade é a luta contra o centralismo, contra o Benfica, contra o Sporting.”
3 Se o brilho de uma vitória valesse pontos, se o KO existisse no futebol, teríamos saído do Dragão com seis, nove, doze, sei lá, com apenas três pontos não seria de certeza. A luta continua, porém, tal e qual estava, dura e difícil, não ganhámos se não um jogo, é proibido entrar em campo de nariz empinado contra o Arouca – se não era, passou a ser o adversário mais difícil da época. Hoje é, portanto, dia de encher a Catedral para apoiar, apoiar, apoiar, apoiar!
4 Por muito que custe aos seus detratores, o responsável pelo alto rendimento apresentado por Pavlidis tem um nome: Bruno Lage. Teimou na aposta quando o grego fazia a travessia do deserto de golos, continuou a transmitir-lhe confiança, a treiná-lo para aquilo que pretende de um ponta-de-lança, rentabilizou as suas características em função do modelo de jogo da equipa.
5 Depois de ganhar por cinco a uma frágil equipa do quarto escalão, o Benfica “está com pé e meio na final”, explicaram jornalistas e comentadores. Alguém que me diga, por favor, porque quero trancar na agenda o 25 de maio, qual o meio pé que falta.
6 Contra todas as evidências de que não iria dar certo, Cláudio Pereira foi nomeado para o Santa Clara-Sporting. São os árbitros, não há como evitar escrevê-lo, os primeiros a mandar às malvas a sua reputação, o seu prestígio, a sua honra.
7 Conquistadoras insaciáveis, avassaladoras em quase todas as ocasiões, pentacampeãs a caminho do “triplete”! Foram-se as joias – Lacasse, Kika, Jéssica e outras mais –, mas Filipa Patão mostrou artes para continuar a ganhar, a dominar, a encher o Cosme Damião de troféus que são parte cada vez maior do nosso orgulho lampião. Bravo!
8 A minha convivência com Aurélio Pereira não foi a de outros, mas foi a suficiente para lhe admirar o trato simples e educado, tranquilo e afável, a modéstia de nunca se por nos bicos dos pés que o seu percurso ímpar mais do que legitimava. Um Senhor!