Renovar em competição é muito difícil mas é o ideal
Um texto de opinião de Jesualdo Ferreira.
Corpo do artigo
1 - Fazer a renovação em plena competição de uma equipa de um clube ou de uma seleção não é fácil, mas é o ideal. E se é bem feita, normalmente tem o sucesso à espera. É isto que está a acontecer com a Seleção Nacional e o responsável tem um nome, Fernando Santos. o selecionador, com toda a estrutura da Federação por trás, e que está a fazer um trabalho ótimo. Estes dois últimos jogos da Seleção, com a Itália e com a Polónia, foram mais uma prova disso mesmo. Essencialmente, vimos uma equipa a vencer sem Ronaldo, a jogar com personalidade sem ele, a marcar golos sem ele, muito bem servida por jogadores que atuam em grandes clubes europeus. E isso também conta muito. Não quero dizer com isto que Cristiano Ronaldo é dispensável, apesar de ser consensual que ninguém é eterno. Mas Cristiano Ronaldo também vai ganhar com este crescimento da Seleção. Quando voltar, vai encontrar uma equipa forte que será mais forte ainda com a presença dele. É um futuro muito agradável aquele que se perspectiva para Portugal. O trabalho não está completo. É preciso procurar mais um ponta de lança, porque só André Silva e Ronaldo não chegam, pois também estão sujeitos a lesões ou a castigos. Esse é um trabalho que tem de ser feito e que com certeza não escapará ao selecionador. Foi muito bom o jogo com a Polónia, pela capacidade de reação, pelo atrevimento, pela ousadia, e pelos golos marcados, embora os dois golos sofridos devam merecer uma análise profunda, porque surgem na sequência de dois erros defensivos.
2 - E o centro da defesa é outra das questões a ter em conta. Está a chegar ao fim uma geração de defesas centrais que durou mais de 12 anos, de bons centrais, na senda do que há muito Portugal tem tido, desde Jorge Costa e Fernando Couto. Pepe esteve fantástico neste jogo e continua ser importantíssimo, mas um dia também acabará, e já não faltará muito. No jogo de hoje com a Escócia já teremos oportunidade de perceber se há gente com qualidade par entrar desde logo numa zona tão delicada, como é o centro da defesa. Rúben Dias está a revelar essas capacidades, mas são precisos mais três... Onde Portugal está já muito bem servido é nas laterais. Joaõ Cancelo e Mário Rui dão uma agressividade ofensiva muito importante à equipa, particularmente Cancelo, que vai ser um dos melhores da Europa na sua posição, dentro de pouco tempo. Pela velocidade, pela capacidade técnica, pelo muito que evoluiu a defender, e a este facto está relacionada a sua entrada na Juventus, onde se disciplinou mais nas missões defensivas, sem perder a sua incrível vocação ofensiva. E há ainda Nélson Semedo e Raphael Guerreiro, dois grandes valores.
Um abraço ao Leonardo Jardim
O futebol é um mundo maravilhoso, mas tem muito de ingrato. O que aconteceu com Leonardo Jardim é um bom exemplo disso. Em pouco tempo, levou o Mónaco ao título, chegou longe na Champions, encheu os cofres do clube, com transferência de jogadores que promoveu a rondarem os 600 milhões de euros, fruto da valorização que conseguiu para a equipa. Há todo o mérito do treinador português neste sucesso. Nesta semana, Leonardo jardim veio embora do Mónaco. Uma má gestão do clube, a que é alheio, está na origem de um início de época frustrante. O Mónaco não tem jogadores para lutar pelos lugares cimeiros, mas tem os cofres cheios... Quem paga a crise de resultados? O treinador. Um forte abraço ao Leonardo Jardim.