VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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Depois de uma entrada em falso, sair de casa e ganhar ao Moreirense. O fio de jogo da equipa está aprumado pelos cânones da época passada e, se necessidade houvesse, bastaria atentar no onze titular nesse jogo: nem um reforço. Apenas com três alterações na equipa titular depois da amarga derrota na Supertaça, o FC Porto não brindou os adeptos que foram a Moreira de Cónegos com a meia hora de intensidade e vertigem apresentada frente ao Benfica. Frente ao Moreirense, o início foi sofrido, dolente, meia hora a tentar não sofrer no contragolpe, a organizar o jogo com receio de sofrer nas costas, a olhar para trás. Apenas nos quinze minutos finais da primeira parte a equipa foi capaz de apontar ao que iria vir.
Não terá sido por acaso que o FC Porto se reforçou com Alan Varela, Nico González e, como se espera, com João Moutinho. Mas nenhum deles é ou se assemelha a Otávio cativo no onze
Os três pontos, fundamentais e definidores de arranque, permitem que a equipa se apresente hoje no Dragão, primeiras núpcias, para se manter na liderança. Mas não há bela sem ausência. Depois de dois jogos fora de casa, a apresentação competitiva aos sócios poderá ter uma baixa de peso: a saída de Otávio é uma perda dentro de campo que não é compensada pelo salário que se deixa de pagar (e como tem crescido com o decorrer dos anos) ou pelos milhões que entrarão nos cofres, ajudando a cumprir o "fair-play" financeiro em dezembro.
Uma cláusula de rescisão é uma cláusula de rescisão, mesmo que o pagamento não seja a pronto e de imediato. Não terá sido por acaso que o FC Porto se reforçou com Alan Varela, Nico González e, como se espera, com João Moutinho. Mas nenhum deles é ou se assemelha a Otávio cativo no onze, nenhum terá a sua primordial preponderância na zona do terreno onde o luso-brasileiro deixou a sua marca bem vincada. Algo vai mudar na dinâmica e fluência de jogo da equipa.
Com a preparação para o jogo realizada a contar com Otávio, Sérgio Conceição tem um problema para resolução imediata. Sem Otávio, Pepê terá que assumir o seu lugar de uma vez por todas. O que quer dizer que precisamos de um lateral. O que já se sabia e agora se agudiza. A poucos dias de fechar o mercado, saber com o que se conta começa a ser um exercício de equilíbrio instável para Sérgio Conceição. Apostado em competir até ao último suspiro e com aspirações a reconquistar o título nacional, o treinador do FC Porto sabe que terá uma equipa mais equilibrada do que a do ano passado. Mas também sente que a essa equipa foi agora retirado o pêndulo e veículo de transmissão colectiva.