SENADO - Um artigo de opinião de José Eduardo Simões.
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Está a chegar ao final a principal competição nacional. Conhece-se o campeão e há que saudar o FC Porto e, em particular, Sérgio Conceição pelo feito, conseguido em circunstâncias difíceis.
Caso permaneça ao leme portista, o regresso de Jesus ao Benfica e a continuação de Amorim no Sporting poderão trazer alguma emoção e a melhoria dos espectáculos.
É bom que Braga, Guimarães, Rio Ave, Famalicão e os demais clubes possam animar a Liga que vai deixar de ser NOS. A descida do Aves está decidida, restando saber o que pode acontecer à SAD deste simpático clube, se continuarem os problemas de falta de pagamento salariais e outros que a seu tempo serão descobertos. Caso saia das competições profissionais, será mais um exemplo da esperteza saloia de dirigentes incompetentes e interesseiros que vendem a alma ao diabo, os clubes aos "investidores", se enchem de dinheiro e fogem, porque o que suceder depois já não é com eles. Se o Aves desaparecer, quem beneficiará é o Cova da Piedade. O outro desagradável lugar de despromoção será provavelmente decidido entre Tondela e Setúbal.
A conclusão forçada da II Liga devia ter sido aproveitada para pensar o futuro em novos moldes, porque não pode continuar como está. A competição definha, os clubes estão mais frágeis, as "ajudas" da Liga e FPF são poucas e dependentes de circunstâncias excepcionais, interesses eleitorais ou estratégias de poder. Na próxima temporada o público deverá continuar ausente e as receitas vão diminuir. Alguns clubes podem nem chegar ao fim da época por dificuldades financeiras acrescidas e incapacidade desportiva, como a recta final do Aves tão bem está a mostrar.
Para a viabilização da II Liga há duas hipóteses de base: manter a prova na Liga ou passá-la para a esfera da Federação. No caso de continuar na Liga o enfraquecido presidente Pedro Proença deve aproveitar para o golpe de asa que se impõe, começando por dar por terminados, com o apoio dos 16 clubes, da NOS e da Altice, os contratos de TV em vigor e centralizar os direitos televisivos em moldes europeus. Os clubes devem receber todos o mesmo, com prémios pela subida e uma compensação para as descidas (excepto as equipas B). Os jogos podem ser distribuídos pelo exterior aproveitando a ausência generalizada de público em todos os países e a diáspora portuguesa (emigrantes, países lusófonos e orientais, treinadores, jogadores espalhados pelo mundo e o interesse que despertam messes mercados), angariando novas receitas que podem beneficiar operadores e clubes.
Em segundo lugar, impor rigor no controlo financeiro e de contractos desportivos, diferente do que sucede, em que assobia para o ar perante certas declarações e, em particular, na ausência de monitorização entre orçamentos e, depois, as respectivas contas. Sócios, treinadores, atletas, funcionários, colaboradores e fornecedores merecem práticas diferentes das que alguns clubes, SAD e SDUQ, lhes reservam, porque não são penalizados e a Liga fecha os olhos.
Deve-se agarrar de frente os seguros desportivos e a questão das indemnizações por "incapacidade física" para a profissão no final das carreiras, que em muito oneram os seguros e as finanças dos clubes. A questão dos equipamentos e publicidade nos mesmos deve ser preparada para, na época 2021/22, serem os mesmos em todos os clubes da 2ª Liga, no modelo da Nike para a NBA. O mesmo princípio deve ser seguido para a organização dos jogos, as viagens e estadias nos jogos fora, os testes ao COVID 19 que terão que ser feitos com regularidade e outras áreas estruturais para a competição e clubes, através da realização de concursos decididos de forma transparente. Para além de algumas alterações regulamentares, este é um caderno de encargos que traria muitas vantagens aos clubes da 2ª Liga e à Liga.