Poder substituir metade da equipa é pouco para o treinador do Bayern, que também quer pôr um auricular nos jogadores como no futebol americano. À falta de controlo remoto
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Alguém tem de defender o futebol contra os treinadores. Julian Naggelsmann, o "miúdo" (34 anos) que treina o Bayern de Munique, não está completamente feliz com o recém-adquirido poder de substituir metade do onze. Naggelsmann reparou que, no futebol americano, o "quarterback" (que define as jogadas) usa um auricular para estar em contacto permanente com o treinador e também quer uma coisa assim.
Vale a pena explicar que o futebol americano é infinitamente mais simples. O treinador e o "quarterback" discutem apenas (enquanto o relógio está parado) que jogada pré-trabalhada será melhor
Vale a pena explicar que o futebol americano é infinitamente mais simples. O treinador e o "quarterback" discutem apenas (enquanto o relógio está parado) que jogada pré-trabalhada será melhor. O futebol "europeu" depende de tomadas de decisão instantâneas e constantes, baseadas em princípios treinados. Para ser mais claro, no futebol americano tudo são bolas paradas. A avidez de Naggelsmann está um século à frente disso. Ele quer microgerir os jogadores em movimento. Na perspetiva dele (e de quase todos os treinadores, menos o sábio Vítor Oliveira) o jogo ainda está demasiado imprevisível. Mas os treinadores são apenas uma parte do futebol, menos importante do que os jogadores ou do que o público.
Mesmo antes das cinco substituições, que quase colocam o treinador dentro do relvado a chutar a bola, já estávamos num momento de crise filosófica: como impedir que o progresso físico e tático, a burocratização, o VAR e o excesso de informação paralisem os jogos? O que Naggelsmann sugere é que aqueles antropomorfos dentro de campo evoluam para serem, de facto, apenas pés e pernas (e um ouvido, pronto), comandados à distância pelo único cérebro que conta. O dele.