A JOGAR FORA - Uma opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Insondáveis razões, próprias do futebolzinho indígena, conduziram Fábio Veríssimo à categoria - ora vejam só! - de árbitro internacional.
Esperamos para ver se, em coerência, assume agora o equívoco dos dois amarelos mostrados a Gonçalo Ramos.
Sempre que o vejo a asneirar à grande, como na sexta-feira, lembro-me de um segundo amarelo injustamente mostrado a Renato Sanches, expulsando-o (aos 32 minutos) de um jogo em que o empate do Benfica em casa do Marítimo entregaria o título de 2015-16 ao Sporting; da dupla que fez com Carlos Xistra na meia-final da Taça da Liga contra o FC Porto (janeiro de 2019), onde, no papel de VAR, deu decisivo contributo para que nos fosse descaradamente sonegada a possibilidade de apuramento para a final da competição; que foi ele que, falhando amiúde a cada jogo que apita, veio por uma vez assumir um dos seus erros - e com isso ofereceu a Palhinha a possibilidade de jogar o dérbi que se seguia, sujeitando o futebol português a mais uma inimaginável originalidade: ter um jogador - coisa única no mundo! - que fez mais de meia volta de uma liga com cinco (e depois mais) amarelos e o correspondente jogo de castigo por cumprir.
Esperamos para ver se, em coerência, assume agora o equívoco dos dois amarelos mostrados a Gonçalo Ramos.
2 - Que bom seria ver a postura de Roger Schmidt fazer escola em Portugal. Intelectualmente honesto, assumiu responsabilidades pelo amarelo que lhe foi mostrado no Bessa e considerou que o penálti da vitória sobre o Vizela foi 50-50 - sendo certo, para mais, que onze dos doze especialistas de arbitragem que opinaram nos media validaram a decisão. Enquanto isso, Álvaro Pacheco, fazendo tábua rasa dos amarelos e vermelhos com que os jogadores do Benfica foram mal penalizados, do permanente anti-jogo da sua equipa e, sobretudo, do escandaloso penálti que lhe foi poupado aos 90"+2", afirmou que "perdemos com erro claro do árbitro". E mais disse que "nunca falo de arbitragem" - e eu aproveito para elucidar o leitor: só não fala de arbitragem quando a sua equipa é prejudicada em confrontos com o FC Porto, como aconteceu no recente jogo da segunda jornada da Liga em Vizela. Que Schmidt não se veja obrigado a adotar a máxima que um dia li, e que procuro reproduzir, sem contudo me recordar do nome do autor: "Nunca contes as tuas fraquezas a quem não te conta as dele."
3 - Os amarelos (e vermelhos) indiscriminadamente mostrados aos jogadores do Benfica têm, para já, e ao menos, um mérito: evitam que passemos pela vergonha de voltar a receber o "prémio fair-play" após uma época em que silenciosamente suportámos as maiores atrocidades arbitrais de que tenho memória enquanto adepto de futebol. Fica o recado para a SAD: façam-nos o favor de não esperar por um resultado negativo para colocarem, por fim, a boca no trombone.
4 - Que bem, e com que personalidade, tem jogado o jovem António Silva. Sem pretender ser profético, dado que o futebol é para especialistas, recordo que foi na sequência de um quadro idêntico que Lindelof e Rúben Dias ascenderam da equipa B ao plantel e à titularidade da equipa principal. Vamos, António!