Em 11 anos na Luz, Vieira ganhou dois títulos; são poucos, mas são tantos como nos 11 anos anteriores
Luís Filipe Vieira, dizem os números de forma clara, é um presidente consensual na Luz, como poucos foram no seu próprio tempo. Rui Rangel foi a oposição mais forte que teve em quatro atos eleitorais, mas pouco de novo saiu da campanha do juiz-desembargador e bastou ao atual presidente jogar para o empate para vencer por goleada. Dizer que vai ganhar títulos, que o passivo é grande, que o clube deve apostar na formação e espalhar meia dúzia de "slogans" vazios nunca chegaria para convencer a maioria dos sócios a trocar algo que conhecem, com as suas qualidades e defeitos, por um salto no escuro.
Os rivais de Vieira apontam-lhe a falta de títulos no futebol - e, no fundo, é esse o único critério de avaliação da presidência de um clube. É um facto que, em 11 anos, contando com os dois anos como gestor de futebol, o Benfica apenas foi campeão duas vezes. Mas se é de factos que se fala, aqui vai outro: foram tantas como nos 11 anos anteriores. E é também um facto que o Benfica se aproximou do FC Porto, há 30 anos o claro líder do futebol em Portugal, e disparou em relação ao Sporting, que há 10 anos era um adversário claro.
A recuperação do clube no período pós-Vale e Azevedo e construção de infraestruturas decisivas, como o estádio e o centro de estágio, são os grandes trunfos que tem jogado a cada cartada. Agora começa um mandato de quatro anos. Em 2016, o estádio e o centro de estágio já serão mais velhos e não chegará dizer que salvou o clube. Vieira precisa de começar a marcar golos - ou, pelo menos, arranjar quem os marque por ele. Por isso será julgado.
