A propósitos das incidências da 30.ª jornada... e de muitas outras anteriores
Corpo do artigo
Querer que os adversários dos nossos rivais ganhem aos nossos rivais é o principal desporto nacional. É o mais praticado, é o mais escrutinado e é o mais vivenciado, inclusive, por um número muito sério de pessoas que, como eu, têm palco privilegiado nos órgãos de comunicação social, os mesmos que distribuem os nossos raciocínios em forma de opinião. Há até quem ganhe muito dinheiro com esta modalidade de querer muito que os adversários dos nossos rivais ganhem aos nossos rivais. E é dinheiro fácil, porque que exige tanto de forma física como de honestidade intelectual: zero!
Berrar, de coto dorido, porque os adversários dos nossos rivais não ganham aos nossos rivais, além de consequência natural deste principal desporto nacional, é a forma mais suja, mais insultuosa e mais antidesportiva para nos referirmos aos adversários dos nossos rivais quando não lhes ganham, como tanto ansiamos durante praticamente toda a época futebolística.
E por que razão é um tratamento sujo, insultuoso e antidesportivo? Porque prova que nos estamos a marimbar para o adversário do nosso rival, porque queremos lá saber da sua história e porque não respeitamos as decisões dos seus líderes a favor de objetivos dos seus emblemas e do grupo de atletas que constitui qualquer adversário dos nossos rivais.
A única sensação olímpica e democrática desta coisa de querer muito que os adversários dos nossos rivais ganhem aos nossos rivais é que é uma vontade transversal a todas as cores e dores: da plebe à nobreza.