Quando apita o Benfica, só falta marcar livres por mão na bola nos lançamentos
A JOGAR FORA - Um artigo de opinião de Jaime Cancella de Abreu
Corpo do artigo
1 Gosto muito quando marcamos golos fora das quatro linhas - foi o caso da iniciativa do Benfica e da sua Fundação, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Comunidade Vida e Paz, para a abertura das portas do estádio da Luz e de várias casas do clube com o fim de receberem cidadãos sem companhia para a passagem da quadra natalícia. Gostei ainda mais de ver que o próprio Rui Costa marcou presença na ceia de Natal que foi oferecida no estádio. Tiro o chapéu à iniciativa e tiro o chapéu ao presidente.
2 Queixam-se das arbitragens - de que só se lembram quando o Benfica anda a importunar com vitórias e de que sempre se esquecem quando os erros são a seu favor -, queixam-se das lesões que afetam o melhor Sporting desde os Cinco Violinos, mas quem pagou as favas foi o treinador que, tinha o doutor Varandas poucas ou nenhumas dúvidas, estaria daqui a quatro ou cinco anos num colosso europeu. O presidente leonino, convencido como ele só, descarta os erros cometidos antes de Amorim e atribui os méritos recentes à infalível estrutura por si montada, à direção desportiva por si chefiada, julga ser ele próprio a razão maior dos títulos conquistados.
3 Rui Borges conhece bem a equipa do Benfica - defrontou-a há muito pouco tempo e reconheceu tratar-se da que está em melhor forma em Portugal. Muito ao contrário, Bruno Lage vai apanhar Rui Borges em estreia no Sporting: encontrará - pergunto eu - uma equipa baseada no sistema que Amorim trabalhou e automatizou até à exaustão ou “outra” já a apontar para o modelo que o transmontano adotou em toda a sua carreira? Lage considera que há muitas semelhanças nos posicionamentos defensivos dos dois treinadores e que o mais importante “é estarmos preparados para as nossas dinâmicas”. Concordo - e concordo tanto mais quanto mais as nossas dinâmicas se aproximarem das dos jogos com o Atlético de Madrid e FC Porto.
4 Pouco me importa se o Otamendi foi à Argentina duas vezes num curto espaço de tempo, se o António quer ir para a Juventus ou se Aursnes não está a cem por cento. Importar-me-ia, sim, se por absurdo não entrássemos em campo com onze.
5 Que ocultas razões podem levar o Conselho de Arbitragem a nomear Fábio Veríssimo para dois jogos seguidos do Sporting em Alvalade? Um mau árbitro, que erra que se farta, mas que só uma vez assumiu publicamente um desses erros - com isso esteve na origem do imbróglio legal que fez de Palhinha o único jogador do mundo que não cumpriu castigo por uma série de cinco amarelos, marcando imediata presença no importantíssimo dérbi de 2020-21 em Alvalade. Quando apita o Benfica, só falta a Veríssimo marcar-nos livres por mão na bola nos lançamentos de linha lateral.
6 Esteve bem o presidente do Vitória de Guimarães ao tratar a deserção de Rui Borges como se tratam os quadros das grandes empresas que manifestam vontade de sair: a porta da saída é ali, faça o favor!
Desejo-lhe, caro leitor, um fantástico 2025, com saúde… e uma passagem pelo Marquês (pintado de vermelho) lá para maio.