APITADELAS - Uma opinião de Jorge Coroado
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Ser árbitro é muito mais que a simples capacidade de interiorizar, decorando ou sabendo apreender, interpretar e dar devido enquadramento às regras. Arbitrar não se resume à singela constatação de uma ação indevida praticada por um jogador ou outro agente e aplicar a sanção que se entende por mais apropriada.
Uma palavra no tempo certo, em muitos contextos, influi muito mais e impõe mais respeito, no momento e para o futuro, que um cartão.
Na integra, é somatório de diversas valências que, lamentavelmente, muitos dos próprios executantes, também seus responsáveis, não possuem sensibilidade, compreensão ou tão pouco manifestam vontade de assimilar.
Não basta treinar para passar nos testes, assistir às formações e obter classificação nas provas de conhecimento teórico. Ser árbitro é atividade nobre, digna e meritória que, exercida em simultâneo com aquelas exigências, se demonstrar educação, respeito pelo próximo, inteleção da modalidade, rigor, também indulgência, enobrece, distingue e granjeia reconhecimento do respetivo elemento. Como característica primordial, todo e qualquer árbitro deveria ter educação suficiente para saber respeitar e dirigir-se a outrem.
Hoje, mais que outrora, impõe-se saber orientar pessoas. Se antes não se aceitava um filiado expressar-se vernaculamente a um jogador, atualmente é impensável acontecer..., mas acontece. De igual modo, pretender falar com um jogador chamando-o com indicador hirto, movimentando o braço de cima para baixo apontando para os pés (exemplo: João Gonçalves, no jogo FC Porto / Arouca), como se chama um cão, é mais adequado a um arruaceiro que a um árbitro.
Ter autoridade não é ser autoritário ou impositivo. Uma palavra no tempo certo, em muitos contextos, influi muito mais e impõe mais respeito, no momento e para o futuro, que um cartão.
Execrável
A propósito da inexistente educação dos árbitros, predicado transversal a uma sociedade que perdeu valores, respeito e consideração pelo próximo, hoje, acredita-se, já nenhum escreverá no boletim do encontro: «Aos X minutos, mostrei o cartão vermelho ao jogador Y por ele ter dito: Cabrão, parto-te os cornos filho da p..., f$%?=-te todo e só não o fez porque foi agarrado pelos colegas!» Sim, acredite leitor, no final do último quartel do século passado havia quem assim elaborasse um relatório de jogo e, no campo, zurzisse os jogadores do pior modo usando linguagem execrável.
Batatal
Certo e sabido, alguns políticos de futebol apenas sabem que a bola pincha (se lhes perguntarem porquê, não sabem explicar). Ver as imagens do alindado Estádio do Fontelo é um prazer. Os melhoramentos introduzidos nas infraestruturas, são elogiáveis. Há, porém, um "pormaior": na autarquia desconhecem que um jogo de futebol, por norma, ocorre sobre um relvado, não sobre um batatal acabado de colher. P.F., uma alminha caridosa explique ao Sr. Fernando Ruas, e sua equipa, a conveniência de um verdadeiro relvado. O CAF merece, o laborioso e dedicado povo de Viseu justifica.