VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
Corpo do artigo
Qualquer exercício é falível quando se deita a adivinhar. Ontem, o FC Porto adormeceu depois de ver Benfica e Sporting jogar e não se pode dizer que os jogos tenham propiciado sonhos coloridos. Neste domingo, ao acordar, os "dragões" sabem que só dependem de si para adiar festas previamente anunciadas. Fazer a sua obrigação não é desrespeitar o adversário ou sobranceria. A equipa já falhou tudo o que tinha para falhar numa época, ainda assim, com troféus ganhos e a transportar o pleno de títulos no regaço.
Vencer o Casa Pia (que já não ganha desde Março) não adia apenas a festa de outros. Cumprir o plano de jogo e arrecadar três pontos, confirma quase matematicamente (se o Braga não escorregar antes frente ao Santa Clara) o segundo lugar e o acesso directo à Liga dos Campeões. Mais: coloca os arsenalistas num patamar de inacessibilidade à vice-liderança, não permitindo que cresçam neste fim de época para maiores índices motivacionais na antecâmara da Taça de Portugal. Assegurar e condicionar, dois verbos que o FC Porto deverá conjugar esta noite, mesmo em cima da linha do "photo finish".
É indesculpável qualquer arremesso de desculpas pela impossibilidade de utilização de Otávio, Marcano e João Mário. As oito vitórias nos oito últimos jogos conseguiram-se remando contra todas as dificuldades, todos os impedimentos e contra uma diferença pontual que tinha os condimentos certos para multiplicar o sentimento de descrença ou de desistência. A forma como a equipa manteve a dúvida acesa foi a penúltima prova de competência e respeito pela História que a época azul e branca entregou. A derradeira será forjada no Jamor.
Só com a matemática como aliada, o FC Porto pode despedir-se da época com vitórias nos últimos 11 jogos. Caso consiga sair a ganhar com 11, honrará o 12º jogador, jogará a passe curto para a alma, mais perto. Na realidade, o 12º jogador nunca abandona. Mesmo que esta época confirme que Sérgio Conceição é mesmo campeão ano-sim-ano-não como a fatalidade do destino, sobram razões para pensar que desperdiçámos e entregámos pontos impensáveis que agora nos fariam campeões. Sobejam também razões para acreditar que, por outro lado, a próxima época nos poderá entregar, novamente, mais e melhor.