Processo a Sérgio Conceição é a repetição estafada de um filme que tem o problema de só incomodar um clube de cada vez, e nunca nas assembleias gerais da Liga
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Cento e oitenta dias foi o tempo que, segundo fontes do FC Porto, o processo contra Sérgio Conceição demorou a chegar ao Conselho de Disciplina após a última diligência na Comissão de Instrutores da Liga.
Será sempre inadmissível que uma infração cometida em fevereiro, em direto na televisão, acabe sentenciada apenas em dezembro, e mesmo assim passível de recurso.
Não é que seja relevante. Será sempre inadmissível que uma infração cometida em fevereiro, em direto na televisão (comentários sobre a arbitragem de um Belenenses-FC Porto), acabe sentenciada apenas em dezembro, e mesmo assim passível de recurso.
Desde que o CD saltou da Liga para a FPF, habituámo-nos ao passa-culpas entre os dois órgãos, mas o principal motivo da demora são os regulamentos, desenhados para fornecerem aos clubes um conjunto de expedientes que lhes deem margem de manobra. Quem os desenhou foram figuras ilustres dos "grandes" em assembleias da Liga fáceis de manipular e nas quais a morosidade da justiça desportiva nunca foi um problema seriamente abordado.
Segue-se o Tribunal Arbitral, uma avantesma inconcebível, que só serviu para acrescentar uma etapa, ainda por cima problemática, entre a disciplina desportiva e os tribunais civis. O TAD é um fórum para os livre pensadores porem em causa princípios consensuais e inquestionáveis do Direito, aceites sem problemas em todo o mundo do desporto.
Como os tribunais de primeira instância estão cheios de gente brilhante e revolucionária, que quer deixar a sua marca no mundo, também aí se decidem coisas inimagináveis que depois obrigam a esticar os processos até ao Supremo, onde, em geral, lá aparece um juiz sensato a separar, finalmente, as águas. Já era altura de se perceber que isto não é modo de vida.