FORA DA CAIXA - A opinião de Joel Neto.
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Já aqui escrevi sobre o que penso do VAR: é uma aberração filosófica, um método irresponsável de desumanização do futebol e um balde de água fria para quem gosta de golos.
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Discordo da sua implantação em geral, mas por outro lado não em particular. Porque a única coisa pior do que haver VAR é haver VAR nuns quantos jogos de determinada competição e não haver nos noutros.
Com o que se passou no Sérvia-Portugal, toda a gente é prejudicada. É prejudicado o árbitro, exposto de um modo que os seus colegas (porque ele, de certeza, já não vai ao Qatar) não o serão na fase final; é prejudicada, evidentemente, a selecção portuguesa, espoliada de dois pontos que podem fazer a diferença na qualificação; são prejudicadas, em virtude do colossal falhanço da equipa de arbitragem, as restantes equipas do grupo, contra as quais Portugal terá de recuperar esses dois pontos; são prejudicadas as equipas que puderem calhar num play-off com o segundo classificado do grupo português, e que poderão por isso defrontar o adversário errado; e, no limite, é prejudicada a própria Sérvia, à qual este ponto milagroso (mais os dois subtraídos a Portugal) pode induzir excessos de confiança e desleixos vários.
O mínimo que a FIFA deveria ter conseguido acautelar era a preparação dos países com estruturas menos sofisticadas para a recepção da tecnologia. Ao dividir a competição em dois momentos e zonas, com regras distintas, só prolonga a fase de transição e o limbo. Nem sequer deveria ter sido possível, por exemplo, a UEFA aceitar que uns países arrancassem antes dos outros, vulnerabilizando a verdade em sede de competições europeias.
Isto começou mal e nunca se endireitou porque é mau, mas também porque foi implantado por gente medíocre. Quatro anos não era suficiente para desfazer os desequilíbrios estruturais?
