JOGO FINAL - Uma opinião de João Araújo
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O mesmo futebol que é capaz de produzir talentos como Rodrigo Mora e Geovany Quenda, na senda de outros como João Neves e Vitinha – citando apenas exemplos recentes -, também é fértil em pérolas de polémica como a surgida na ressaca da final da Taça de Portugal, em que as queixas do Benfica relativamente à arbitragem desse jogo redundaram num comunicado a ameaçar não deixar pedra sobre pedra no futebol português.
Mora está nas bocas do mundo pelo talento que exibe e o que promete. Esse é o lado fácil de vender do futebol português, que tem o handicap das divergências internas e da credibilidade.
Não é novidade para quem acompanha o fenómeno da bola que, tratando-se de clubes grandes, as ameaças de hoje são as expectativas de proveitos futuros, qual investimento a curto/médio prazo de retorno quase sempre certo. Mas, para lá da espuma das opiniões sobre o pisão de Matheus Reis em Belotti e das conclusões primárias que apontarão no sentido de Rui Costa estar já em pré-campanha e a tentar capitalizar com a indignação benfiquista, há duas cenas nesta novela mesmo nada negligenciáveis: por um lado, a que o País viu pela televisão e teve toda a aparência de agressão de um jogador a outro, mas passou em claro pelo VAR; por outro, na sua reação, as águias permitem-se pôr em causa o já legislado processo de negociação centralizada dos direitos televisivos.
No fundo, e é este o lado curioso, uma coisa está ligada à outra. Não só porque era tudo o que Pedro Proença, Reinaldo Teixeira e seus pares dispensariam (em particular em vésperas da Cimeira de Presidentes de amanhã), mas especialmente por ser a imagem do futebol português que FPF, Liga e em última análise os beneficiários do negócio, os clubes, não quererão vender lá fora.