A França não vai cair de joelhos extasiada com os violinos de Chopin da seleção portuguesa
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Na hora da verdade e da mentira também, só há dois tipos de futebol: o inteligente e o outro. A Seleção usou bem o cérebro com a Hungria e esqueceu-se dele nas outras calças com a Alemanha.
Os franceses desaconselham devaneios como os de Munique, no campo e no banco.
Mais ainda do que os alemães, os franceses desaconselham devaneios como os de Munique, no campo e no banco, ou como os que animaram conversas e programas de televisão em Portugal.
A França não perde para a Seleção Nacional em nenhum item, incluindo no "melhor do mundo", porque também têm um e o deles (Mbappé) é muito mais novo, mais fresco e mais rápido. Nos interessantíssimos debates internos, discute-se se devem jogar os brutos (Danilo e William) ou os requintados, mas, por azar, os brutos franceses (Kanté, Pogba e Rabiot) são as duas coisas, como quase todos os colegas, aliás. Não há a menor margem para o cómico complexo de superioridade que contamina alguns portugueses de vez em quando. Resta a inteligência, como sempre, e essa já deu provas a quem interessa.
Quando se levanta a possibilidade de passar ao mínimo ato relevante, a UEFA sai do armário para se revelar, com ironia fina, um transexual dos princípios.
A UEFA proibiu Munique de iluminar o estádio com o arco-íris da comunidade LGBT, em protesto contra as leis homofóbicas recém-aprovadas pelo parlamento húngaro. Fê-lo porque quer ser "politicamente neutral". Ou seja, enquanto a luta contra a discriminação supuser apenas uns panfletos inócuos, catálogos Benetton e umas personalidades a debitar boas intenções, temos UEFA. Quando se levanta a possibilidade de passar ao mínimo ato relevante, a UEFA sai do armário para se revelar, com ironia fina, um transexual dos princípios.
Se a UEFA quisesse cumprir de facto o que apregoa, a Hungria jamais poderia receber uma competição sequer. Aqui fica uma frase do presidente Ceferin no piedoso documentário ("Outraged", Indignado) que a confederação difundiu no seu site em dezembro: "O futebol é seguido por milhares de milhões de pessoas em todo o mundo. Temos de mostrar que a discriminação é errada." Percebemos agora que se referia à discriminação dos húngaros.