HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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O Benfica chegou de amarelo ao alto da Senhora da Graça. E com mérito. A questão é que ainda faltam muitas etapas e fica a dúvida se os encarnados terão segundas linhas preparadas para atacar a Serra da Estrela.
Por etapas. Três. Schmidt chegou e fez-se ouvir: moldou a equipa para atacar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Na segunda etapa consolidou um bom início de temporada na liga e adquiriu uma preciosa vantagem em relação à concorrência. E, agora, surpreendeu a Europa ao deixar o PSG em segundo. Segue-se o momento desejado: a pausa motivada pelo mundial do Catar. Que vai dar um jeito tremendo para colocar o conta-quilómetros a zero.
Mas Ristic não é Grimaldo. E trocar a "peça" Rafa é mudar todo o esqueleto da equipa. Draxler ainda não se impôs. E nem o decisivo meio-campo atual aguenta com tantos minutos sem a rotação necessária. Vêm aí as lesões, os castigos e o desgaste. Depois, pode acontecer o mesmo que está a acontecer ao Sporting: os bons modelos de jogo, quando não renovados com frequência, geram brechas que são aproveitadas. Adversário após adversário.
Petar Musa: em nome do coletivo
Uma boa notícia para o Benfica - em termos de potenciação de segundas linhas - é a resposta plena que Musa dá sempre que é chamado. Sobretudo em termos coletivos: inteligente a segurar a bola, a jogar de costas e a articular-se com as movimentações dos médios, proporciona um trabalho invisível que é posteriormente aproveitado por toda a equipa. Saliente-se também a forte mentalidade do croata, que não se tem abatido pelo facto de ser suplente de Gonçalo Ramos. Boa exibição em Israel, com golo de belo efeito ao primeiro poste após antecipação ao defesa. Fiável e regular. O Benfica agradece.
Filipe Relvas: jogo após jogo
Num Portimonense que se destaca pelo bom futebol praticado - justifica-se pela permanência de um treinador competente e com boas ideias de jogo - há um jovem central português, esquerdino, que se evidencia pela progressão que demonstra: Filipe Relvas. Que jogo após jogo mostra estar cada vez melhor. Em Barcelos, destaque para dois aspetos específicos: a quantidade anormal de duelos aéreos ganhos e o envolvimento no processo de criação do golo de Ricardo Matos. Versátil, atuou por diversas vezes na época passada, e com êxito, como lateral esquerdo. Aos 23 anos segue trajeto positivo.
Eustáquio: teleguiado
Está em todo o lado e oferece critério e lucidez em todos os momentos de jogo. Sobretudo na reação à perda, proporcionando o bloqueio próximo dos pontos fortes do adversário. Frente ao Paços de Ferreira, desmantelou a partida logo nos primeiros minutos com um precioso passe longo que Evanilson concretizou. Pouco depois, já na direita, esteve perto do golo na sequência de remate pronto. A sua versatilidade permite aos dragões disporem de várias faces durante a partida, sem perda de eficácia. Tornou-se imprescindível nos diferentes desenhos de Sérgio Conceição. Grande forma!
Rafa na Seleção? Não
É uma situação que pode ser revertida depois. Mas pode Rafa regressar à Seleção Nacional agora? Não.
Por duas razões: porque renunciou na antecâmara do mundial e na fase decisiva da Liga das Nações. Grave. Depois, há um grupo que necessita de tranquilidade e dispensa turbulência a poucas semanas do início de uma prova de grande relevância no quadro competitivo internacional.