Perdemos por 8 centímetros, 3 minutos ou um tufo de relva
A opinião de Miguel Pedro.
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1 - O SC Braga foi em 2019/20 a segunda equipa da Liga NOS com mais jogadores portugueses no seu plantel. De facto, só SC Braga e B-SAD registaram mais de 20 jogadores nacionais. Estes dois clubes e o Tondela foram também os únicos em que os portugueses constituíam mais de 50% do plantel. Para o SC Braga, este facto é relevante, pois evidencia que a aposta na formação e no jogador português não é letra morta.
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Numa análise aos mais de 850 jogadores que representaram o SC Braga, ao longo da sua história, a nacionalidade portuguesa (554) é a mais comum. Como se sabe, o clube teve ao longo da história vários jogadores estrangeiros. O primeiro a disputar jogos oficiais foi Arias (espanhol, 1949/50). Na época seguinte, chegou de Elvas um "keeper" espanhol de nome Roger. Em 1951/52, jogaram dois húngaros, Ladislau e Mészáros, e dois argentinos, Grecco e Montez. Brasileiros (167), argentinos (18), espanhóis (18) e angolanos (11) são os estrangeiros mais habituais. Curiosamente, a época 2020/21 parece manter a tendência, já que o plantel tem jogadores de Portugal (em maioria), Brasil, Argentina e Espanha.
2 - No passado domingo, a equipa de futebol de praia do SC Braga, líder do ranking mundial, perdeu a final da prova que coroa o campeão europeu de clubes. No desporto, como na vida, não há equipas imbatíveis e isso ficou mais uma vez provado. Este resultado não retira, antes realça, todo o excelente trajeto feito, desde 2013, por esta secção do clube. Mais do que vitórias, aquilo que esta equipa nos tem dado é orgulho e prazer em vê-los jogar com o nosso símbolo ao peito. Ainda assim, este relativo insucesso deve servir para renovar ambições, estabelecer novos objetivos e recuperar o caminho do êxito. Temos a certeza que Bruno Torres, juntamente com a sua rapaziada, saberá fazer este exercício. O campeonato nacional é já a primeira oportunidade para o pôr em prática.
Carvalhal precisa de trabalhar mais a equipa, em especial no meio-campo: a dupla Al-Musrati e Castro mostrou-se um pouco perdida
3 - Sabemos bem como as coisas são: para ganharmos ao campeão nacional e, ainda por cima, no seu próprio feudo, as coisas terão que nos correr todas bem e, ao invés, todas mal ao adversário. Ora, ontem foi precisamente ao contrário. As coisas correram-nos quase sempre mal. Fica a ideia que perdemos por... 8 centímetros (a distância do fora de jogo daquele que seria o 0-2 a favor do Braga); ou por 3 minutos, que foi o espaço de tempo, nos descontos da primeira parte, em que o Porto deu a volta ao resultado. Ou por um tufo de relva, que atrapalhou Ricardo Horta num golo "feito", que daria o 2-2. Carlos Carvalhal precisa de trabalhar mais a equipa, principalmente no meio campo, onde a dupla Al-Musrati e Castro se mostrou um pouco perdida, face à mobilidade constante dos jogadores portistas. Uma derrota que em nada belisca a ambição da equipa. Apenas vale os três pontos em jogo. Enfim, melhores dias virão, certamente.
(Nota: texto escrito com colaboração de João Miguel Fernandes)