PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha.
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Quando se olha para a primeira volta do Vitória, os adeptos do copo meio vazio vão dizer que estamos claramente abaixo dos nossos objetivos. Já os fãs do copo meio cheio vão alegar que ainda há outro tanto campeonato pela frente e que, por isso, há mais do que tempo para atingirmos os nossos objetivos.
Ambos têm objetivamente razão. Mas a questão é outra. É que analisamos a época vitoriana e o que preocupa mesmo é que não se vê evolução. Pensemos no trajeto feito desde a primeira jogada até aqui: a equipa melhorou em algum dos processos do jogo? Nota-se algum crescimento? E individualmente, há jogadores que cresceram com a época? Pode ser defeito meu, mas não consigo responder positivamente. E isso é que preocupa mesmo.
Por isso, quando Pepa diz que deve ser feita uma reflexão profunda, está coberto de razão. Mas deve ser uma reflexão que comece por aquilo que está (ou não) a ser feito e que leva a que a equipa não só não cresça, como termine a primeira volta a fazer as piores exibições da temporada. E dizemos isto porque, apesar de uma ou outra lacuna que o plantel tem, e de que já aqui falamos, estamos convictos de que o Vitória tem plantel para fazer bem melhor.
Honra seja feita ao míster, que não é homem de tapar o sol com a peneira. No final desse jogo desesperante de Barcelos, escancarou o jogo: que correu tudo mal; que fomos passivos, que perdemos os duelos; que não atacámos a profundidade; que o adversário nos foi superior; que conseguimos fazer muito melhor; que não estamos a conseguir fazer o transfer dos treinos para os jogos; que tínhamos de ser mais objetivos e práticos; que temos sido muito inconstantes. Em suma, nas suas próprias palavras: "Temos de dar uma volta muito grande."
O diagnóstico está feito. E isso é importante, porque é o primeiro passo para a cura. Agora, falta o resto: encontrar a terapêutica e produzir resultados. Desse ponto de vista, penso que a solução tem de partir de dentro para fora, sem que nos iludamos com a abertura do mercado (que já vai a meio). Se não conseguirmos resolver internamente os nossos problemas estruturais, não vai ser a chegada deste ou daquele jogador que vai ser a panaceia para os nossos males.
E voltamos ao copo meio cheio. Se todos fizermos a nossa parte, ainda acredito que seja possível salvar a temporada. Aos dirigentes caberá criar as condições de contexto para que a equipa trabalhe com tranquilidade e que tenha as melhores ferramentas ao seu dispor. Do treinador já falei. Aos jogadores caberá dar tudo e perceberem que a equipa está sempre acima das suas individualidades. E aos adeptos (que tudo continuam a dar), que não esmoreçam e que tentem olhar mais para o copo meio cheio. Às vezes, isto é tudo menos fácil, mas é mesmo tudo o que podemos dar.