Este nunca seria o momento mais conveniente para se exigir ao Vitória uma cavalgada europeia, mas o alinhamento das vacas magras com o treinador devia ter sido acautelado.
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A ironia da conversa que António Salvador teve, anteontem, com os jornalistas residiu no nome nunca mencionado: a mítica quinta equipa, destinada a salvar o ranking português na UEFA do ciclo ininterrupto de subidas e descidas.
Eu explico. Quando a Liga portuguesa sobe ao sexto lugar, passa a dividir os pontos pelos seis participantes e como dois deles pouco pontuam, fica condenado a voltar a descer. O Santo Graal seria, por isso, uma quinta equipa capaz de pontuar regularmente na Europa. E em quem pensam todos quando se fala nela? No vizinho que mais comichões provoca no Braga de Salvador, esta época inscrito na Conference League para tentar, outra vez, vingar nos mares internacionais.
O divórcio com o treinador Pepa, a poucos dias da aventura, sugere que o grau de dificuldade, já normalmente alto, vai redobrar. Este nunca seria, de qualquer forma, o momento mais conveniente para se exigir ao Vitória de Guimarães que cumpra o seu desígnio de ser a "quinta equipa".
A nova Direção decidiu-se pelo rumo do saneamento financeiro, traçou uma linha clara e não tem deixado dúvidas quanto à determinação de não a ultrapassar, mas esse rigor não tinha, forçosamente, de excluir Pepa. A saída do treinador é um golpe inesperado e sem utilidade para nenhum dos objetivos da SAD. Não ajudará os desportivos, que neste caso (o apuramento na Conference League) também são financeiros, nem acrescentará nada de bom ao emagrecimento. Era essencial que o treinador estivesse a bordo e bem consciente dos sacrifícios desde o início. Claramente, isso não foi garantido no devido tempo.