APITADELAS - Um artigo de opinião de Jorge Coroado.
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As memórias falsas não são raras. Pelo contrário, são a regra, porque as nossas memórias são distorcidas de modo a enquadrarem-se na imagem geral que temos de nós próprios.
Como diz António Damásio (O Erro de Descartes, Emoção, Razão e Cérebro Humano), as imagens que a nossa memória produz são reais para nós próprios, mas não temos a garantia de representarem a realidade "absoluta".
A questão complica-se mais se se tiver em conta que também vale como opinião aquela que provém de pessoa que adquiriu conhecimento percetivo (direto) de facto em situação contrária aos seus interesses e/ou que soube através do relato que lhe foi feito por outros. Não é por acaso que a sabedoria popular costuma dizer que "quem conta um conto aumenta um ponto". No que tange o futebol, arbitragem incluída, nada difere do restante da sociedade. Maledicência, intriga, empatia ou antipatia subsistem. Em passado recente, quem do género feminino enveredasse pela arbitragem, rapidamente era "marcada" por elementos de destaque nas respetivas Associações Distritais que, no desrespeito por igual, autointitulando-se patronos, prometiam estágios mais altos na função (progressões profissionais na horizontal sempre superaram falta de reconhecimento). A partir daquela premissa construíam-se narrativas de defesa da "patrocinada" denegrindo-se bom nome e imagem daquelas que repudiavam a "promessa" de apoio.
Frustrado
Propósitos repudiados sempre geraram memórias distorcidas. Nos idos 1970/80, quando a arbitragem no feminino começou a desenvolver-se, um árbitro referência na sua Associação não perdeu oportunidade para estender "tentáculos". Êxito obtido numa investida, rotunda nega noutra. Frustrado, ainda hoje vive com o trauma da tampa e, sempre que pode, torpedeia objetivos da "repudiadora".
Ponto final
Encontrado o campeão, o jogo de amanhã no Dragão será de festa e consagração. A nomeação de Carlos Xistra indicia tributo a uma carreira que, findo o 276.º jogo, deverá colocar ponto final em percurso de vinte anos no escalão cimeiro. Pena a inexistência de público porque, apesar das normais contestações, o adepto nortenho sabe tributar reconhecimento.