OPINIÃO JESUALDO FERREIRA - Vai ficar por cá uma saudade imensa, grande Dito
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1 - Há notícias muito tristes e que nos deixam a pensar. A morte de Dito, aos 58 anos, ainda muito novo, portanto, foi um duro golpe para quem gostava dele, e havia tanta gente que gostava dele!
Foi um prazer tê-lo como jogador, mas, acima de tudo, foi um prazer tê-lo como amigo, porque era na realidade uma excelente pessoa.
Quando alguém parte, é muito fácil entrar no elogio, no caso de Dito é mais fácil ainda, porque se trata mesmo de uma boa pessoa, sem dúvida das amizades mais ternas que fiz na minha longa vida de futebol. Foi um profissional de excelência. Fui treinador de Dito nas Seleções jovens, desde 1976, na época em que se sagrou campeão nacional de juniores, ao serviço do Braga.
Acompanhei-o nos anos seguintes, até ao Europeu de sub-19, que jogámos em Leipzig e em que ele fazia a dupla de centrais com o Carlos Xavier. Reencontrei-o mais tarde no Benfica, fomos à final da Taça dos Campeões Europeus, com o PSV, em Estugarda, em 1988, formava ele dupla com Carlos Mozer, antes de se mudar para o FC Porto.
Era um grande futebolista, um central que funcionava como o primeiro construtor de jogo, porque tinha muita qualidade e era inteligente, não era central de despachar a bola sem ver para onde a mandava. Foi um prazer tê-lo como jogador, mas, acima de tudo, foi um prazer tê-lo como amigo, porque era na realidade uma excelente pessoa. A qualidade que tinha como futebolista era ainda maior como ser humano. Há cerca de um ano encontrei-o num jantar em Lisboa, por coincidência com o Carlos Xavier, a minha dupla de Leipzig, e registámos esse momento em fotografia, que aqui publico.
Fica uma enorme saudade e deixo aqui o meu abraço de solidariedade a toda a família do Dito. Estarás sempre connosco, amigo.
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2 - A Seleção Nacional, que Dito também defendeu, estreou-se ontem na nova edição da Liga das Nações, prova de que foi o primeiro e para já único vencedor. E a estreia não podia ter sido melhor, atendendo ao momento - estamos na pré-época - e ao adversário, finalista vencido no último campeonato do Mundo. Portugal fez uma excelente exibição.
Olhando à ausência de Cristiano Ronaldo, Fernando Santos tinha duas hipóteses, ou jogava com um ponta de lança como André Silva (e foi dessa forma que terminou) ou com três avançados móveis, como fez. E olhando à capacidade de produção dos avançados, bem se pode dizer que o selecionador escolheu bem.
Na primeira parte, Portugal dominou completamente e na equipa sobressaiu Cancelo, pelo excelente golo que marcou e pelas inúmeras vezes em que ganhou o corredor e serviu os seus companheiros com acerto. Os avançados, mais Bruno Fernandes, conseguiram criar situações diversas e, acima de tudo, proporcionaram as condições para Portugal descansar com bola. E isso foi muito importante para o bom jogo que a equipa conseguiu.
É claro que há jogadores que não jogaram aquilo que esperamos deles, como Bernardo Silva, com pouco tempo de utilização no Manchester City - e desconheço as razões -, mas que por isso, ou talvez por isso, não está com o mesmo ritmo dos seus companheiros. Bruno Fernandes também não foi o jogador que tem sido no Manchester United.
Há outro aspeto que gostava de focar: a boa gestão que Fernando Santos está a fazer, dando minutos aos mais novos em plena competição, é muito importante e revelador de que sabe o que está a fazer. Há outra realidade: Portugal está a construir mais uma grande Seleção, que nos deixa otimistas em relação ao futuro, uma Seleção de muita qualidade.
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3 - A novela Messi acabou mais cedo do que se esperava. O jogador, entre as muitas coisas que disse, declarou que nunca iria com o Barça para tribunal. Mas disse outras coisas pouco abonatórias em relação à sua vontade de (não) continuar no clube e à forma como este tem sido gerido nos últimos anos. Pior do que Messi não ter saído é Messi ter ficado no Barcelona nestas condições. E a questão que hoje se coloca é muito simples: que Messi vamos ter depois do muito que foi dito? Será que ele será capaz de conduzir o processo de reconstrução do Barcelona? Temos de esperar para ver. A dúvida é tão grande quanto a genialidade de Messi.