PLANETA DO FUTEBOL - Um artigo de opinião de Luís Freitas Lobo.
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1 Não existem, dizem, dois jogos iguais. Mas podem existir dos jogos parecidos. E seguidos. Sucedeu entre Braga e FC Porto, do campeonato para a Taça.
Resultado, incidências (expulsões, alternância, decisão do resultado a acabar) e tendências do jogo (inicial domínio portista, forte ataque bracarense a terminar, em superioridade numérica).
Estes factos, filtrados pelo comportamento tático-coletivo das duas equipas, pode deixar algumas conclusões para o momento atual delas. Em ambos os jogos, o FC Porto entrou melhor, na personalidade e no jogo. Ocupou melhor o meio-campo (a dupla Uribe-Sérgio Oliveira esteve melhor na ocupação dos espaços que o trio Al Musrati-Novais ou Castro-Fransérgio) até ao ponto em que o "centro do jogo" deixou de estar nessa zona nuclear intermédia e passou para o "engarrafamento" da grande-área "azul e branca".
2 Quero ver os jogos pela sua essência tático-técnica (dos treinadores aos jogadores), mas não existe um termo normal de visão para o fazer.
Portugal (o seu futebol e principais protagonistas, alternadamente) não gosta do que é bom. É como se isso lhe fizesse sombra. Dizem que as coisas (as reações impulsivas/agressivas) têm de mudar, que não pode ser assim, mas, entretanto, todo o nosso futebol deixa verdadeiramente de existir. Os gritos indignados, com a coragem que cada um molda para si é o momento em que a consciência se esfuma e o génio se abafa. Uma visão perturbante que vai desde os banco até aos relvados. Em todos.
3 Para o Luis Díaz ser um craque não precisa de mais quilómetros para correr. A lesão arrepiante de David Carmo devia parar tudo ali, logo naquele momento. Mas não. Ambas as arbitragens (a do olhar no relvado e a dos olhos esbugalhados num ecrã com frames) saíram da Pedreira "amassadas" e o futebol português voltou a cair no seu "buraco negro" cíclico de guerra fria. Será difícil sair dela até final da época.
A culpa é da pequenez. Da necessidade de fazer implodir outra realidade em câmara lenta. Não sei o que a UEFA e suas diretivas dizem. Para ser maior, Portugal não precisa de olhos mais abertos. Precisa de consciências mais abertas.
4 E, agora, uma nova jornada. Aceito a missão de a ver. Já fui, também, algo emocionalmente diferente. Não são só os loucos do jardim que fazem um universo paralelo que nos espanta. Tudo o que atiramos para o futuro vai lá parar (e todos nós também chegaremos lá) e, receio, será encontrado um monte de esqueletos. O futebol português não pode ter essa forma. Mas arrisca-a.
Treinadores em roda
Em geral, quando vemos que uma equipa teve três treinadores numa época, pensamos logo em turbulência e maus resultados que levaram a essas trocas para tentar a salvação, após insucessos desses treinadores.
O Moreirense, finda a primeira volta, já vai no terceiro treinador. O curioso (e intrigante) é que, em vez dos fracassos que levariam, naturalmente, a essas trocas, neste caso estamos perante o estranho caso de ter três treinadores numa época e os três terem... sucesso (não tendo saído porque outros clubes mais poderosos os viessem buscar).
Mesmo assim, foram sucessivamente saindo e trocados. Ricardo Soares vinha da época anterior e estava estável, a jogar bem, César Peixoto quis mudar a forma de jogar (sentiu dificuldades), mas ganhara o último jogo antes de sair e agora Vasco Seabra, com duas vitórias fora seguidas, mostra bom futebol. Mais incrível é ver que, noutras épocas, tal também sucedeu.
Não conheço as idiossincrasias de decisão da Direção do clube. Apenas ouço. Seja como for, há algo de "case study" neste refúgio irredutível de Moreira de Cónegos.