Ronaldo não quer a França, mas, se calhar, era mesmo o melhor que podia acontecer a esta Seleção
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Há uma esperança animadora no meio da tristeza que é ver esta Seleção jogar: Portugal corre sérios riscos de enfrentar um adversário de nível no play-off. E isso pode ser bom, porque já sabemos que as mentalidades pequeninas costumam motivar-se com grandes desafios. Aparentemente, jogar contra Israel, e derivados menores do ranking FIFA, é um enorme aborrecimento para estes jogadores, mesmo com um país em crise que enche um estádio para puxar por eles. Já tinha sido assim no Dragão, no empate com a Irlanda do Norte.
O erro de Rui Patrício faz parte do futebol, sublinhou Paulo Bento e sublinharam também os jogadores que enfrentaram os microfones. É justo concordar com eles; aquele pontapé de principiante, mesmo num jogador de reconhecida categoria, é de facto uma coisa que acontece. Mas talvez falte a esta Seleção interiorizar a ideia de uma forma mais completa: 'acontece com frequência' seria uma frase mais adequada. Já tinha acontecido num atraso de Rúben Micael, na Rússia, nos múltiplos deslizes em Israel e por aí fora, num somatório de asneiras que foram subtraindo pontos. Se ouvissem o que dizem, os jogadores saberiam que, por acontecerem, esses deslizes exigem uma atitude que, não os evitando, seja pelo menos capaz de os tornar irrelevantes. Lamentavelmente, esta Seleção precisa de desafios à medida do ego e precisa também que lhe façam má cara, porque, ironia das ironias, as melhores respostas foram dadas nas alturas em que fez dos críticos e das críticas de quem não sofre de cegueira patriótica uma oportunidade para embrulhar exibições em jeito de recado a esses 'inimigos' imaginários. Com doçura não vai lá...