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É uma pena que Ronaldo não possa cruzar e ainda correr para a área a tempo de finalizar os cruzamentos que faz. Seria a combinação perfeita, sobretudo em jogos assim, em que o domínio exigia um faro de área mais apurado. Exigia também, já agora, que os cruzamentos como aquele que fez Miguel Veloso fossem mais regra do que exceção - Nani, João Pereira, Coentrão, Raul Meireles e até Moutinho pecaram muito nesse detalhe. Apesar do reparo, houve coisas boas além do golo: aquele Portugal irregular da fase de qualificação, que ligava e desligava com facilidade, fez o favor de não aparecer nesta primeira metade do play-off. É mais uma prova, a juntar a outras, de que esta equipa, mesmo longe de ser a melhor que Portugal teve nos últimos anos, é suficientemente boa para evitar aflições. Para isso, é preciso resistir à pequenez de só se motivar nas grandes ocasiões, no tudo ou nada. E é bom que este golo de vantagem seja visto exatamente assim: um tudo que ainda não vale nada.
Para Ronaldo, ao que parece, todas as ocasiões são grandes. E é isso que faz dele enorme. Golos, paixão e até uma pontinha de arrogância que, na dose certa, não faz mal nenhum ao mundo. A obsessão com a Bola de Ouro talvez seja o calcanhar de Aquiles do CR7, apesar da legítima aspiração a ter mais algumas nas prateleiras lá de casa. Merece-as, seguramente. Para já, com aquele cabeceamento perfeito, é um verdadeiro Tola de Ouro. O que fica na história são Mundiais, Europeus e grandes competições. Às vezes passo pela RTP Memória e já lá apanhei muito futebol. Não me lembro de ter visto nenhuma repetição de uma qualquer gala da Bola de Ouro.