O andebol português volta a dourar uma página do desporto português. O grande desafio é não ficar perdido entre outros amores sazonais, como já sucedeu com outros nomes e conquistas.
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Não é fácil ficarmos pelos factos quando o momento está emprenhado de emoção. É certo que faltavam cinco segundos, um golo valeria um lugar nas meias-finais do Mundial de andebol e pela frente estava um gigante alemão que, olhando bem, quase nos pareceu o Adamastor. Foi por aqui que o coração português parou, aguardando saber o destino da bola que Martim Costa segurava na mão direita. Quanto da força de Portugal esteve naquele braço direito até ao momento em que a bola ultrapassou a primeira rede de uma baliza que, por uma fração de segundo, se tornou minúscula.
Tal como no episódio do canto V d’ Os Lusíadas, “O Gigante Adamastor”, Portugal superou medos e dificuldades, dobrando o Cabo das Tormentas (aqui representada e modernizada na poderosa Alemanha, vice-campeã olímpica) e escrevendo mais uma gloriosa página do andebol nacional. E numa noite em que seria fácil imperar a ditadura do futebol, trocou as voltas à milionária Liga dos Campeões e voltou a conquistar o coração dos portugueses, tão dado a amores sazonais por outras modalidades, como no Giro de João Almeida, o MotoGP de Miguel Oliveira ou o ténis de Nuno Borges. Além do judo e canoagem por alturas dos Jogos Olímpicos.