PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - A opinião de José João Torrinha, aos domingos n'O JOGO.
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1 - O plano para o sábado de confinamento estava feito: de manhã espreitar o Vitória do futuro; de tarde assistir ao Vitória do presente. Infelizmente, o gelo trocou-nos as voltas e adiou o jogo da tarde para hoje.
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Falemos então do jogo de Felgueiras. Apesar do resultado, gostei do que vi. As derrotas nunca são injustas. O Vitória, claramente melhor equipa e com melhores executantes, não conseguiu materializar o seu jogo em golos. Acontece muitas vezes e dos problemas que uma equipa pode ter, não será dos piores. Os jogadores, esses, estão ali para crescer e já se sabe que crescer a ganhar é melhor do que crescer a perder. Mas o mais importante será sempre a matéria-prima.
E há ali gente que promete. De entre os que jogaram, alguns já andam pela equipa principal (o que é bom para eles e para os outros também). Mas mesmo além desses, há ali miúdos que tratam a bola por tu e que serão em breve opções entre os mais graúdos. De todos eles, vou destacar aquele de que mais gostei: Tomás Händel. Excelente pé esquerdo, a comandar todo o jogo a meio campo, qualidade de passe acima da média e uma maturidade apreciável a jogar. Que continue a trabalhar e a evoluir e o resto virá por acréscimo.
2 - O fim se semana desportivo já tinha começado de véspera, com mais um clássico FC Porto-Benfica. Não me interessa comentar o jogo, mas há ali um aspeto que é um bom mote para tratar de um assunto que é de todos. A partida teve 43 faltas. Há uns tempos foi conhecido um dado que fala por si: dos oito jogos com mais faltas no futebol europeu, seis tinham sido disputados por cá. Esta praga é grave para o nosso futebol a vários níveis. Em primeiro lugar, porque torna o espetáculo uma seca.
Os responsáveis pela arbitragem em Portugal não punem os árbitros que abusam do apito
Mas também porque torna os nossos jogadores e as nossas equipas menos competitivas, quando colocadas em contextos onde este "faltismo" não existe. As razões são várias e os culpados outros tantos, mas há uns mais do que outros. No topo da pirâmide estão os responsáveis da arbitragem em Portugal. Porque não punem os árbitros que usam e abusam do apito, antes os premeiam. A seguir, os próprios árbitros medrosos que ao mínimo encosto se defendem atrás do apito. Os mesmos que depois apitam de forma diferente lá fora. A seguir, os jogadores que adoram atirar-se para a piscina ao mínimo contacto, fazendo jus aquela piada segundo a qual os futebolistas são os melhores adversários para se andar à porrada (um encostinho e já estão no chão).
Finalmente, os adeptos, que adoram reclamar faltas por tudo e por nada e que não "castigam" os simuladores, como se faz noutras paragens. Neste caso, o problema resolve-se de cima para baixo e aí têm de ser a as estruturas que comandam a arbitragem a agir, sob pena de continuarmos a assistir a esta tristeza: concertos de apito em vez de jogos de futebol.