PLANETA DO FUTEBOL - A opinião de Luís Freitas Lobo
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1 - A complexidade do sistema podia retardar os equilíbrios, mas se há algo que Amorim (para além dos resultados) deu ao Sporting foi organização com estabilidade de ideia de jogo.
Os "Amorim-babes" do novo Sporting que não podem ser colocados nas nuvens e a "roleta" dos treinadores que, desta vez, falhou em Braga
É o que basta para os jogadores parecerem logo melhores (como, numa realidade inversa, sucede o contrário). Conseguir em tão pouco tempo essa identificação coletiva (parte do 3x4x3 em posse e recuando para "5" a defender) diz muito. Falta agora ver a consistência do crescimento (o que será avaliado com raízes na próxima época). O jogo das primeiras impressões Amorim já ganhou. Contra o Gil, o onze leonino reforçou essa ideia mesmo sem o impacto-Jovane.
Plata tem tudo para crescer. Potencial enorme. Para já, até se pode rir dos erros que comete, como num calcanhar que deu quando estava isolado. Até Wendel lhe perguntou "o que é isso?"
Rafael Camacho é um caso diferente. Do lote para formar/crescer é o que precisa mais de criar referências para o seu jogo. Parece-me um jogador "diferente" a cada jogada em que entra. De Mateus Nunes já falava aqui quando estava nos sub-23. Não tem nada que enganar. Gosto do lateral-esquerdo Nuno Mendes. Tem raça e corpo para fazer a posição em "longo curso". Segurados pela personalidade de Quaresma, central adulto precoce, os "Amorim-Babes" são uma atração sedutora no mundo depressivo que tem sido o Sporting das últimas épocas, mas é imperioso não os colocarem nas nuvens (donde só podem cair) mas sim na terra (onde podem crescer).
2 - Custódio caiu após seis jogos no Braga. É impossível avaliar um treinador em tão pouco tempo mas, neste caso, além dos resultados negativos, foi o facto de em todos eles não se detetar uma coerência sobre que jogo queria para a equipa. Mais do que hesitar entre o sistema de Amorim e algo híbrido que só mantinha a linha de "3" a atacar (fechando a "4" a defender) foi como nos jogos avançava e recuava na ideia de jogo até não se perceber como tinha perdido (empatado ou ganho).
Exemplos deste ziguezague de ideias: as saídas e entradas de Palhinha (retirando a âncora n.º6 da equipa, rapidamente percebia como esta perdia equilíbrio, como no último jogo contra o Rio Ave, onde logo a seguir meteu outro central, Rolando, tirando Trincão) e as alterações dos centrais e laterais feitos alas (as mudanças de lado de Galeno e Esgaio como central pela direita).
Seis jogos sem estabilizar uma ideia e perdendo pontos, foram, na urgência resultadista do clube, sinais demasiado assustadores. Para o Custódio treinador fica o ensinamento para a próxima aventura. Ao mesmo tempo, a desmistificação de que nem sempre a "roleta de invenções de treinadores" em Braga pode dar certo.