O êxito na Liga das Nações não significa o fim do reinado de Ronaldo e o contrato das arábias também não afasta Jesus de Portugal.
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1 - Ao carimbar a presença na fase final da Liga das Nações, após exibição medíocre e sofrida mas suficiente para evitar prolongar esse sofrimento até à fase da calculadora, Portugal passou o primeiro teste de fogo sem Cristiano Ronaldo. Fernando Santos nunca o vai dizer com as letras todas, quanto mais não seja porque não seria inteligente fazê-lo, mas sabe melhor do que nós todos juntos que esse foi o maior mérito desta caminhada e um dos mais importantes passos da Seleção nos últimos tempos. Fazer o ensaio de uma transição deste calibre sem ela ser necessária, porque Ronaldo continua bem e a recomendar-se, foi um risco que Fernando Santos (ou quem lhe suceda) há de capitalizar futuramente. Sem urgências, sem dramas, a descobrir com suavidade novos caminhos de chegar a uma baliza e, melhor ainda, com a garantia de o ter à mão quando bem lhe apetecer. Ou quando lhes apetecer. O plural é mais adequado, porque a decisão foi cozinhada a dois e Ronaldo também lucra com a gestão. Fisicamente, isso é uma evidência. Depois há o tabuleiro da motivação, onde o CR7 acrescenta outro ponto: calar os mais apressados a assinar-lhe a papelada da reforma.
"Portugal passou teste de fogo sem Ronaldo. Fernando Santos nunca o vai dizer com as letras todas, mas sabe que esse foi o maior mérito"
2 - Pé ante pé, Jesus está de volta. Um piscar de olho de Luís Filipe Vieira aqui, uma entrevista reciclada à revista da Liga acolá, seguida de outra bem fresquinha para não haver dúvidas: ele vem aí. Quando, ninguém sabe ao certo. Mas vem. Suspeitava-se que não aguentaria longamente a reforma dourada das arábias, porque está destinado a outras cruzadas: ser "master of tactics" a pregar no deserto não lhe chega, até porque o mapa aqui ao lado prova que vencer lá não será um feito original, mesmo que os adeptos o embalem a toda a hora um "I love you Jesus" enternecedor. Talvez por isso fez saber que o seu Al-Hilal lutaria pelo título em Portugal, sacudindo a poeira ao ego, e desconfia-se que numa próxima entrevista pode ainda subir o patamar dessa capacidade virtual a uma vitória na Champions. Resumindo, nem vai dar tempo para ter saudades...