Leia a opinião de José Eduardo Simões
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Em 2013, os clubes que não eram SAD foram confrontados com um diploma cuja intenção era aumentar os custos e obter mais verbas para o Estado. Na Académica, defendi então que uma SAD bem estruturada seria a melhor solução, mas os sócios preferiram a criação da SDUQ.
As dificuldades próprias desta solução que os mais avisados apodavam de sociedade de atividades sem relevância, e má gestão desportiva e financeira conduziram a Briosa ao lugar onde hoje está: Liga 3. Nove anos decorridos, alguns dos maiores defensores da SDUQ compreenderam que tinham errado (alguns apenas queriam a SDUQ para fins estratégicos de agenda própria).
Em 2019 foi assinado acordo com os brasileiros do BMG para uma SAD, com a Académica em situação minoritária, e recebidos mais de 600 mil euros de "adiantamento". Nem tal SAD foi feita (ainda bem, neste caso), nem o dinheiro foi devolvido. Em Abril de 2022, um acordo com a Athlon, agora para SAD com o OAF a manter a maioria do capital, foi apresentado no próprio dia em que foi relegada para a Liga 3. O timing foi surreal e sem respeito pelos sócios. A 4 de Junho foi eleita a nova Direção que, para além de andar a apagar fogos ateados por outros, está a construir a equipa de futebol e a organizar os serviços (ainda se há de saber que conceito de "organização" era utilizado).
A nova Direção considerou, e bem, ser necessário e urgente consultar os sócios sobre o que eles pretendem: continuar a SDUQ ou a passagem para uma SAD de capital maioritário do OAF. Esta semana o Conselho Académico debateu a questão e os sócios vão ter oportunidade de se pronunciar no próximo dia 23 de Julho.
Em vez de se colocar a carroça à frente dos bois, deve dar-se um passo de cada vez. E o 1º passo é este: o que querem os sócios? SDUQ (que já se viu que não funciona) ou SAD? Se pretenderem a manutenção da SDUQ que nos conduziu à Liga 3, então nada mais haverá a fazer senão resistir e enfrentar o destino (que, neste caso, não deve ser radioso), terminando as conversas com a Athlon e quaisquer eventuais investidores. Se a preferência de 2/3 dos votantes recair sobre a SAD, os sócios ficam com a garantia que a Direção se obriga a apresentar o, ou os, acordo/s de investimento, incluindo o da Athlon, em nova assembleia geral.
Estas são opções inadiáveis que os sócios vão ter que tomar. Pela minha parte, em coerência e na defesa dos interesses da Académica, vou votar SAD e aconselho, com respeito por opiniões diferentes, que os sócios votem de forma a que a SAD possa vir a ser uma realidade.