Portugueses foram mais rápidos, correram mais e marcaram dois golos acima dos 130 km/h. O salto de qualidade do andebol nacional ficou bem expresso nos números frente à França
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Quando, ao intervalo, vi as caras fechadas dos jogadores portugueses, que ganhavam por 12-11 mas queriam ter ido para o descanso com os três golos de vantagem que haviam conseguido três minutos antes frente à França, percebi que se ia fazer história na abertura do Europeu de andebol. Portugal cresceu e estava a olhar nos olhos para as estrelas francesas, que só tinham reduzido por contarem com Nikola Karabatic.
Se a França tinha um "Ronaldo" - Karabatic foi eleito o melhor do mundo em 2007, 2014 e 2016 - e Portugal não contava com o seu, devido à lesão prolongada de Gilberto Duarte, o primeiro jogo do andebol nacional numa fase final, após 14 anos de ausência, deu para mostrar tudo o que a modalidade evoluiu entre nós e nem foi necessário um Éder no momento decisivo.
A verdade é que Portugal cresceu. A Seleção Nacional é mais alta, mais pesada e mais rápida do que as suas antecessoras e, espantem-se agora, revelou-se fisicamente superior à francesa, aquela que se apresenta orgulhosamente como a melhor da história do andebol.
André Gomes fez um remate dando um salto vertical de 72 centímetros e atirou uma bola a 130 km/h. João Ferraz teve o disparo mais veloz do jogo, a 133 km/h! Diogo Branquinho foi o homem mais rápido em campo, sprintando a 29 km/h, e também o que mais correu: cinco quilómetros. Quanto a Rui Silva, aquele que distribui o jogo, fez 237 passes. Em nenhum dos itens a França foi superior.
Portugal, que aproveita bem as virtudes do FC Porto de Magnus Andersson e exibe a ambição e o caráter destemido do selecionador Paulo Jorge Pereira, pode ir longe em qualquer prova. Mas, e aqui fica o alerta, tem de manter a concentração que exibiu até ao minuto 59 e nunca relaxar como nos últimos segundos, quando a equipa parecia festejar a vitória e o seu técnico, esse sempre atento, queria... mais um golo!