Estamos perante a crónica de uma morte anunciada e com infelicidade o digo: o modelo de Anselmi não resulta com estes jogadores e duvido muito que possa resultar com outros que tenha em mãos
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Noite de São João e, nessa madrugada, um jogo do FC Porto com o Al Ahly que pode bem ser mais um conto das mil e uma noites de uma tragédia. A derrota com o Inter Miami poderia ter posto um ponto final no percurso de Anselmi no FC Porto, mas talvez não seja preciso esperar pela primeira meia dúzia de jornadas da Liga para percebermos que a nova época se perdeu pela falta de uma decisão mais do que evidente. A equipa do FC Porto, não sendo um portento de individualidades, não é tão má como se observa quando entra em campo para acrescentar mais um passo de mediania ou mediocridade ao seu modelo artificial.
Estamos perante a crónica de uma morte anunciada e com infelicidade o digo: o modelo de Anselmi não resulta com estes jogadores e duvido muito que possa resultar com outros que tenha em mãos. A equipa não melhorou um milímetro desde que Vítor Bruno saiu e é fundamental que o Presidente do FC Porto não fique refém da sua decisão na escolha de Anselmi. É preciso coragem e um “largar de si” perante a evidência. Começar a nova época com Martín Anselmi é ainda mais arriscado do que o Benfica fez no ano passado, mantendo e começando com Roger Schmidt. Sabemos como acabou. Com a diferença de que o treinador do FC Porto tem menos culpas no cartório do que o alemão. Talvez se equipare em teimosia.
É vergonhoso que se mantenha um sistema tático que tem carimbado o jogo do FC Porto com anonimato, envergonhando os adeptos pela incapacidade e sentimento de indiferença. Os jogadores deixaram de acreditar, espero, “apenas” no treinador. Será bem mais grave que se tenham esquecido dos valores do clube, da raça que nunca lhes permitirá respirar após um empate ou abraçar sorridentemente um adversário em campo quando estão a perder um jogo. Se o objetivo era confraternizar com Messi, a missão foi concluída com sucesso. Se o sonho era preparar um jogo contra Messi, a missão foi falhada com estrondo. Se era jogar à bola para passar o grupo, tentando ir o mais longe possível neste Mundial de Clubes, então que se pergunte onde se vendem milagres. Não fosse Cláudio Ramos e estaríamos, provavelmente, a sofrer goleadas semelhantes àquelas que vivemos na Liga portuguesa.
Olhar o balão com um olho na televisão, entre rimas. Ou esvaziá-lo de vez. Na noite mais longa da cidade do Porto, haverá espaço para encaixar um jogo do FC Porto, esperando que não acabemos todos a martelar na cabeça perante mais um jogo de plástico. Cheiro a alho porro só mesmo para afugentar os espíritos ou os maus olhados. Ou a ausência de decisões. Se não passar um grupo destes, sem qualquer sinal de crescimento, Anselmi não pode avançar para a nova época.