<em><strong>TÁTICA DO PROFESSOR</strong></em> - Jesualdo Ferreira, cronista de O JOGO, escreve hoje sobre o desempenho do FC Porto frente ao Liverpool.
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1- Um incompreensível nervosismo traiu o Benfica e tirou-o das meias-finais da Liga Europa. Pode ter havido outras razões - houve com certeza -, mas a falta de serenidade em detalhes, principalmente no passe e controlo do jogo na primeira parte, revelou um evidente desequilíbrio emocional de todo inesperado numa equipa que nos vem habituando a jogos serenos, alegres, ofensivos. Há uma evidência de ordem mais técnica: quem não defende bem dificilmente tem sucesso, e o Benfica não esteve bem a defender, quer no jogo da Luz, quer em Frankfurt.
O Benfica não podia sofrer quatro golos com esta equipa alemã, que é forte, e até por isso, por estar avisada, a equipa portuguesa deveria ter tido outras cautelas, outra postura. É bom não esquecer que no jogo da primeira mão o Benfica fez um jogo fácil e chegou a uma boa vantagem, mas estava a jogar contra dez (e soube-o fazer, o que nem sempre acontece, revelando uma maturidade de aplaudir, apesar da juventude da equipa). Mas, mesmo com menos um, o Eintracht foi uma equipa sempre incómoda e que conseguiu marcar dois golos, um deles de Gonçalo Paciência, que lhe deu força para encarar o jogo da segunda mão carregada de esperança.
O Benfica voltou a não defender bem e sofreu dois golos; quando procurou desfazer a desvantagem já o fez mais com o coração do que com a cabeça fria que se pedia para alterar a situação. E depois aquele segundo golo é imperdoável, não se pode cometer erros assim em alta competição. Já quanto ao primeiro, é diferente...
Os adeptos reconheceram que a equipa do FC Porto deu tudo e fez um jogo muito competente. Daí a remenda ovação. Assim vale a pena.
2 - De facto, o primeiro golo alemão é obtido de forma ilegal. Kostic estava em fora de jogo... mas não havia VAR.
Esta é um prova da UEFA, que optou por ter VAR na Champions, e muito bem, porque é uma ferramenta importante, mas então por que não ter o VAR também na Liga Europa, pelo menos nas fases a eliminar? Não se entende, realmente. Hoje, o VAR é uma ferramenta que promove picos de emoção tremendos nos jogadores, nos treinadores, nos adeptos, no período em que se está à espera da decisão final. Mas terá de ser sempre uma ferramenta utilizada de forma consciente e com fidelidade, o que nem sempre acontece.
O terceiro golo que o Manchester City sofreu, por exemplo, é marcado com a mão, e o VAR não viu isso. Todos vimos. Ou seja, também nada nos garante que o golo do Eintracht seria anulado se houvesse VAR... O Benfica não pode agarrar-se só ao árbitro para lamentar a derrota. Tem de queixar-se também de erros próprios...
3 - Fora da Taça de Portugal, fora da Liga Europa, fica agora o Benfica apenas com o campeonato para ganhar, numa luta até ao fim com o FC Porto, que foi eliminado pelo Liverpool. Uma eliminação que começou em Anfield, com erros do árbitro e desperdício portista, que impediram a obtenção de um golo. Mas no jogo do Dragão o FC Porto foi uma equipa muito competente, capaz de ferir o colosso que tinha pela frente. Tal como escrevi, o grande problema do FC Porto seria evitar sofrer qualquer golo. E quando surgiu o primeiro, contra a corrente, o FC Porto começou a despedir-se da Champions.
Lutou e esteve mais 45 minutos até sofrer o segundo golo, quando tudo acabou. Tudo? Não, da bancada veio uma reação de apoio que deixou Sérgio Conceição com arrepios e sensibilizou os jogadores. Os adeptos reconheceram que a equipa estava a dar tudo e dispensaram-lhe uma ovação tremenda, que é um tónico para dar luta pelo título que a equipa vai travar. Com adeptos assim, vale a pena.