HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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Para o Braga, parece ser a carta que falta no baralho. O espírito olímpico: fazer das fraquezas aquela força invisível e jogar ainda mais e melhor na altura decisiva.
Claro que ir à Luz sem o jogador mais influente - Al Musrati - é um duro revés e quase o mesmo que o FC Porto jogar sem Otávio ou Uribe na hora h. É também certo que, em Lisboa, o Braga caiu como um campeão e manteve o jogo aceso até ao final. Nada a dizer.
Sem Al Musrati, o Braga não conseguiu recriar a linha de três (com André Horta e Racic) que tornou o Benfica presa fácil na Pedreira. Depois, uma entrada algo tímida permitiu que os centrais encarnados construíssem com tranquilidade, sobretudo António Silva - que se evidencia cada vez mais nesse capítulo. E há a questão dos objetivos: um clube que consegue vender os seus ativos por milhões (como Vitinha ou David Carmo), que consegue recrutar Bruma e que só abandona a luta pelo título a três jornadas do final só tem um caminho: fazer o mesmo na próxima temporada. Manter a estratégia. Com boa Europa. Porque o Bom Jesus do título já se vê.
8 Niakaté: confirmação
É certo que foi nas suas costas que Rafa apareceu a finalizar e a marcar o único golo da partida. Mas a responsabilidade foi, sobretudo, de um coletivo bracarense que não susteve em conformidade uma "carambola" na frente de ataque e permitiu a transição ofensiva do Benfica. Tal não mancha, refira-se, uma excelente prestação do central bracarense, à semelhança do que tem acontecido nesta temporada. Seguro, com muitas interceções à custa da sua boa leitura de jogo, tem um pé esquerdo calibrado que orienta a construção bracarense e lhe dá clarividência. Na memória ainda o golo que marcou ao Sporting na jornada inaugural, sinónimo de elemento com tarimba também no jogo aéreo.
8 Otávio: fazer a diferença
Que Otávio representa equilíbrio já toda a gente percebeu. E equilíbrio nas diferentes dinâmicas de jogo, interpretando vários papeis dentro de uma cápsula de um só jogador. Tal tem um valor incalculável de mercado. O salto em frente parece estar estabelecido: tornar Otávio num elemento desequilibrador, que faça a diferença quando a equipa mais dele precisa. À semelhança do que aconteceu diante do Famalicão - quando assumiu a responsabilidade do remate - voltou a ser decisivo em Arouca, cruzando de forma determinante para o único golo da partida: recuperação preciosa e que apanhou a bem organizada equipa adversária em contrapé. Fim de temporada em alta.
8 Fran Navarro: são duas épocas
Mais do que um excelente finalizador, trata-se de um elemento de golo regular. Porque não é uma época: em Portugal são duas temporadas ao mais alto nível e sempre a faturar. E o que é realmente interessante de se ver em Fran Navarro é que o avançado espanhol vale pelo seu todo: muito inteligente a jogar em apoio, é o principal foco de alimentação do jogo ofensivo gilista, aparecendo nos espaços certos um segundo antes que todos os outros. Tal perspicácia voltou a ser determinante diante do Boavista, com dois golos que reforçaram a sua candidatura a artilheiro do campeonato, isto numa equipa do Gil Vicente que está no 14.º lugar. Brilhante!
Bruno Varela renovou
O Vitória renovou com o seu guarda-redes que é, de facto, dos melhores do campeonato. Com capacidade de líder, eficaz no jogo de pés e muito elástico, encontrou na cidade-berço as condições para se estabelecer como número 1. E com benefícios indiretos: servir de cavilha de segurança aos jovens guarda-redes do clube.