O FC Porto aguentou a tormenta e ultrapassou-a. A época 2024/25 não foi perdida. Foi uma época de consolidação. Sim, a estabilidade financeira é condição prévia ao bom desempenho desportivo. É um exemplo que outros poderão seguir
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O Futebol Clube do Porto lidera isoladamente a Liga Portugal. Se a época de 2024/2025 não deixou boas memórias para o FCP, na perspetiva desportiva, é de justiça afirmar que foi uma época de renascimento.
A situação financeira do Porto apresentava, desde há alguns anos, fortes debilidades, com a UEFA a aplicar procedimentos por défice excessivo e por incumprimento do designado “Fair Play Financeiro”.
Em julho de 2025, o CFCB (Club Financial Control Body) teve a iniciativa de um “opening of proceedings” (“início de procedimento”) por incumprimento do indicador de “estabilidade” nos exercícios 2022/23 e 2023/24. O desvio acumulado foi de 50 milhões de euros além do limite regulamentar.
A pressão financeira estava, naturalmente, a impactar na competitividade desportiva. Quando as opções tomadas pela administração são ditadas pelas urgências de tesouraria, raramente abonam em favor dos bons resultados em campo. Mas o FCP soube dar a volta por cima. Aguentou a tormenta e ultrapassou-a.
Em novembro de 2024, o clube emitiu uma dívida obrigacionista recorde de €115 milhões, com taxa fixa anual de 5,62% e prazo de 25 anos, permitindo liquidar responsabilidades com condições muito mais gravosas em taxas e maturidade. Esta emissão dispensou colaterais, garantias hipotecárias ou de Direitos futuros, libertou património que estava onerado e gerou estabilidade pela maturidade alargada da operação.
Ao sucesso da operação não será alheia a coragem e exemplo do seu Presidente André Villas-Boas, que, numa manifestação de generosidade e de confiança no clube, colocou 500 mil euros do seu bolso.
Aos que consideraram 2024/2025 uma época perdida, o Porto está agora a mostrar que foi uma época de consolidação. Sim, a estabilidade financeira é condição prévia ao bom desempenho desportivo.
O Porto reapareceu com investimentos certeiros, com o foco onde ele deve estar, na competitividade desportiva a nível nacional e internacional.
É um exemplo que outros poderão seguir, é preferível fazer uma intervenção radical, mesmo que custe uma época, do que andar sempre com remendos que não são mais do que panaceias sem utilidade futura.